Em primeiro lugar importa saber que o álcool é uma substância tóxica, com capacidade para destruir as células do nosso organismo, interferindo ainda com alguns neurotransmissores, que está na base de muitos dos efeitos sentidos. Cada um de nós tem a capacidade de ir eliminando o álcool do organismo e assim, minimizar os seus efeitos, estando a velocidade de eliminação e os efeitos, dependente de vários fatores, um dos quais a quantidade de álcool ingerida, motivo pelo qual estão definidos limites de acordo como tipo de bebida alcoólica.

Em concreto, no decurso da gravidez, o álcool chega diretamente ao bebé através da circulação fetal, demorando o dobro do tempo a ser eliminado. Os efeitos negativos do álcool sobre o feto são diversos e incluem mal formações, menor desenvolvimento infantil, dificuldades de aprendizagem, problemas de comportamento, aborto, entre outros.

Álcool durante a gravidez: Não há uma dose segura, o ideal é mesmo não o consumir
Alguns países fazem acompanhar as bebidas alcoólicas de um símbolo de proibição a gravidas.

Todos estes são efeitos que não são exclusivamente atribuíveis ao álcool e, se e quando surgem, ninguém os associa aos comportamentos durante a gravidez. Na verdade, não é possível estabelecer uma relação causal, mas apenas uma relação de associação. Durante a gravidez somos muito extremistas com o consumo de saladas cruas, ou queijos de pasta mole, porque sabemos que podem estar contaminados com Listeria e que isso representa um risco acrescido para as mulheres grávidas. Infelizmente não temos a mesma perceção em relação ao álcool.

Inclusivamente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o consumo de álcool durante a gravidez um problema grave de saúde pública.

Em determinados países é exigido que as bebidas alcoólicas apresentem um símbolo de proibição para as grávidas. Em Portugal este é usado por alguns produtos, não sendo ainda uma obrigatoriedade.

Apesar de já se terem feito vários estudos, não foi possível determinar uma dose de álcool considerada segura durante a gravidez, pelo que a recomendação é de não ingestão, quer na gravidez, quer na amamentação. Neste último caso, sabe-se que o álcool passa para o bebé através do leite.

Cláudia Viegas
Nutricionista e docente