A obesidade é uma doença crónica multifatorial que é caracterizada pelo excesso de tecido adiposo.

As experiências de vida adversas são definidas como todos os tipos de experiências traumáticas que ocorrem na infância, adolescência e idade adulta, que incluem abuso emocional, abuso físico, abuso sexual, assédio sexual, intimidação por pares, testemunho de violência doméstica e acidentes graves que põe em risco a vida.

Os traumas emocionais e o stress crónico resultante dele podem causar várias alterações biológicas:

  • Desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) - Causa um aumento do cortisol e afeta a metabolização dos ácidos gordos, assim como estimula a formação de novas células de gordura. A longo prazo leva a um aumento da deposição de gordura no corpo, em especial a gordura visceral.
  •  Processos pró-inflamatórios que estão associados à obesidade - Um aumento da produção de citocinas inflamatórias que promovem a inflamação sistémica e ativação do sistema imunitário.
  •  Desregulação da transmissão de glutamato - Que está associada a sintomas de depressão, ansiedade, stress pós-traumático, comportamentos obsessivos e compulsivos, mania, psicose e esquizofrenia.
  •  Alterações na microbiota intestinal - O stress crónico afeta a saúde intestinal, sendo que pode causar um aumento da permeabilidade intestinal e disbiose, que por sua vez aumenta o risco de obesidade.

O trauma na infância está associado ao aumento do risco de obesidade durante a vida adulta, o que pode estar associado ao desenvolvimento de dependência alimentar.

Traumas na infância estão associados ao desenvolvimento de sobrepeso e obesidade durante o início da idade adulta e até parte desta relação pode ser atribuída ao vício em comida, que provavelmente é usado como um mecanismo de resposta ao trauma.

Um artigo de Miguel Afonso, gastroenterologista e diretor clínico da Gastroclinic.