Reza uma lenda que, em tempos antigos, quando um homem se apaixonava por uma mulher, raptava a eleita numa noite de lua cheia. Durante um mês, bebiam uma mistura afrodisíaca, adocicada com muito mel. E, na sequência disso, viveriam uma paixão eterna. Sendo uma lenda, os cientistas não o podem garantir mas podem, no entanto, assegurar que os benefícios nutricionais e medicinais do mel são muitos e estão cientificamente comprovados.

Que o mel é um atentado à resistência do pecado da gula, já se sabe. Mas que já foi um poderoso medicamento natural para despertar avassaladoras paixões, é um dado que muitos desconheciam. Mais um trunfo na manga para, quando depois de aplicadas todas as táticas de sedução, o eleito ainda se mostra resistente. Colheradas fartas de uma só vez para dentro da boca. Lábios melosos, seguindo-se os efeitos pretendidos. Esperemos que ainda resulte.

Depois da lenda, o cientificamente comprovado. É um dos alimentos mais ricos, a nível nutricional, do mundo. O útil e o agradável unidos no mesmo frasco. Saudável e bom. O mel é um produto natural, utilizado desde tempos imemoriais pelas suas propriedades curativas, digestivas e energéticas. Muito se deve ao facto de ser elaborado a partir do néctar de inúmeras flores, combinando propriedades benéficas encontradas nas mais diferentes espécies vegetais.

O mais escuro é o melhor

De acordo com a sua origem floral e regional, este alimento pode variar de tonalidade, de densidade e até de sabor. Em relação à cor, quanto mais escuro for o mel, mais sais minerais contém na sua composição, confirmaram os cientistas que o estudaram ao longo dos últimos séculos. Na hora de o adquirir, a não ser que tenha uma preferência pelo mais claro, deve optar por este. Independentemente da cor, quando ingerido, é de imediato assimilado pelo organismo.

A glicose e a frutose passam diretamente para o sangue, sem que o corpo humano precise de exercer qualquer transformação. Para além destes compostos, contém ainda substâncias importantes e indispensáveis ao organismo como cálcio e fósforo, necessários para a formação e manutenção de dentes saudáveis, assim como sódio, potássio, magnésio e ferro. Seja qual for o tipo, o mel deve ser mantido num frasco de vidro bem fechado, num local seco e fresco.

Um quilo de mel equivale a três quilos de peixe

São surpreendentes os valores vitamínicos do mel apontados pelos cientistas ao longo das últimas décadas. Um quilo deste alimento é equivalente a 50 ovos, a 25 bananas, a seis litros de leite, a três quilos de peixe, a cinco quilos de maçãs, a 40 laranjas, a 900 gramas de cenoura ou ainda cinco quilos de ervilhas. Ficou convencido? E se lhe dissermos que este alimento, um medicamento natural, protege a saúde cardiovascular e também combate o colesterol.

É especialmente recomendado para quem sofre de anemia, de broncopneumonia, de asma, de bronquite, de gripe, de rouquidão, de tosse e até de deficiências cardíacas. O poder bactericida do mel, também está aliado às suas virtudes laxativas, melhorando significativamente o trânsito intestinal. Ao mesmo tempo, é apontado, por especialistas nacionais e internacionais, como um excelente tonificante dos músculos, dos tecidos cutâneos, dos nervos e de vários órgãos.

O poder curativo do mel

Todos os que ingerem este alimento com alguma frequência podem beneficiar de uma resistência acrescida a doenças infecciosas, asseguram cientistas. Em 2008, comparando-o com a sacarose, o açúcar extraído da cana-do-açúcar ou da beterraba, os autores de um estudo científico identificaram efeitos positivos do mel no equilíbrio da glicose, do colesterol e do triacilglicerol, os triglicerídeos formados pela união de três ácidos gordos da cadeia lateral de glicerol.

O glicerol é um composto simples que contém três grupos de compostos que se acumulam no tecido adiposo, principalmente nas células adiposas. Em abril de 2020, uma investigação internacional descobriu que o mel escocês terá, alegadamente, (ainda) mais nutrientes do que o dos restantes países, sendo também mais rico em manganésio do que o dos cerca de 200 países que foram analisados pela Fera Science Limited em parceria com a Scottish Bee Company.

Ainda que o escocês possa ser (ainda) mais saudável, o português não se lhe fica nada atrás. Rico em antioxidantes, substâncias que contribuem para uma redução da pressão sanguínea, é menos prejudicial para os diabéticos do que o açúcar, garantem ainda os cientistas. Uma revisão de 26 estudos com uma amostra de 3.011 voluntários, levada a cabo em 2015, produziu um relatório que atesta as capacidades renegeradoras e curativas do mel no tratamento de feridas.