Se tende a sentir-se ansioso, é porque tem medo de alguma coisa que está a antecipar. Está a equacionar a possibilidade de acontecer algo de errado no futuro. Como explica Vítor Rodrigues, psicólogo clínico, "pode até não saber do que se trata de forma consciente, mas há algo que é percebido por si como uma ameaça, desencadeando assim uma reação de alarme, a ansiedade". Para não ficar refém desse estado emocional, é essencial que aprenda a distinguir uma ameaça real de uma ameaça potencial.

Deve também exercitar a sua capacidade de moderar as reações. Na prática, como refere o psicólogo clínico, "o seu organismo reage da mesma forma face a ameaças reais e imaginárias. Os grupos celulares do cérebro ativados são os mesmos em ambos os cenários, embora os riscos só existam perante uma ameaça real". É, pois, importante aprender a moderar essas manifestações para as adequar aos riscos reais que está a enfrentar. Siga o plano que se segue à regra sempre que sentir maior ansiedade.

A primeira coisa a fazer

Conheça-se a si mesmo. Este é o primeiro passo a seguir. "Este aspeto é fundamental", sublinha o especialista. Por isso, pegue num papel e tente ser o mais honesto possível. Escreva as primeiras respostas que lhe vierem à cabeça para as seguintes perguntas:

- Do que é que tenho medo?

- Será essa ameaça real?

- Se essa ameaça se concretizar, não poderá o pior dos cenários ser controlável por mim?

Esta análise é essencial para conseguir perceber o que mais o preocupa e poder, assim, adotar estratégias e comportamentos que lhe permitam ultrapassar esses receios.

Os exercícios recomendados pelo(s) especialista(s)

Esta é a fase em que passa da teoria à prática. Identificada a origem da sua ansiedade, depois de perceber até que ponto tem ou não razões para se preocupar e o que é que está nas suas mãos para inverter este quadro, ponha agora em prática estratégias que o podem ajudar a não se deixar dominar por este estado emocional:

- Meditação

De acordo com os médicos norte-americanos Michael Roizen e Mehmet Oz, autores do livro "You - Manual de instruções" e colaboradores regulares da apresentadora e empresária Oprah Winfrey, para meditar precisa apenas de um quarto silencioso. Com os olhos parcialmente fechados, concentre-se na respiração e repita lenta e indefinidamente a mesma palavra ou a mesma expressão ou frase.

Pode, por exemplo, repetir "óoommm" ou até mesmo "hummmm". Repetir a mesma palavra ajuda, segundo os autores do popular livro, publicado originalmente em Portugal pela editora Lua de Papel em setembro de 2007, a clarificar e/ou a relaxar a mente e tem também um efeito positivo global na saúde, contribuindo para preservar as células cerebrais e as funções relacionadas com a memória.

- Técnicas de relaxamento

Existem inúmeros exercícios a que pode recorrer para conseguir relaxar, como é o caso do exercício que apela à calma proposto por Vítor Rodrigues. Em casa, durante cinco minutos, faça todos, mas mesmo todos, os movimentos em câmara lenta. Essa imposição irá forçá-lo a usar o corpo de outra maneira, dando muita atenção a gestos habitualmente mecânicos. "O efeito pode ser muito calmante", garante o especialista.

- Exercício físico

Consoante a sua personalidade e o seu estilo de vida regular, pode preferir modalidades mais enérgicas para descarregar energia ou atividades mais calmas para relaxar. "Se o seu caso é o primeiro, saiba que o body combat e o body attack são opções certas para si. Se praticar estas modalidades duas vezes por semana, obterá, além do combate à ansiedade, mais-valias para a saúde, como a perda de massa gorda, a tonificação muscular e a prevenção de doenças cardiovasculares", refere o psicólogo clínico.

Estas atividades não são, no entanto, recomendadas a quem sofre da coluna, das articulações e/ou dos ossos, a grávidas nem a quem tenha insuficiência cardíaca de esforço. "Se prefere alternativas mais calmas, o ioga e o pilates, duas vezes por semana pelo menos, são boas opções. Terá menos dores, mais força muscular, maior agilidade, mobilidade e correção postural no caso do pilates e maior flexibilidade, relaxamento, concentração e tranquilidade mental no do ioga", esclarece ainda o especialista.