A hepatite é uma inflamação do fígado. Tem diferentes causas como, por exemplo, o consumo elevado de álcool, uma alimentação inapropriada e até diversos vírus. Em termos de relações sexuais, a hepatite A, a hepatite B e a hepatite C, uma patologia que afeta, segundo as estimativas, cerca de 100.000 portugueses, são as mais perigosas porque o vírus da hepatite está presente no esperma, nos corrimentos vaginais e no sangue. Porém, há diferenças consideráveis entre os três tipos de hepatite:

- Hepatite A

A hepatite A é provocada por um picornavírus. Este vírus encontra-se nas fezes e é transmitido através da evacuação quando as condições sanitárias são precárias. Em muitos casos, os moluscos oriundos de águas poluídas com fezes estão também contaminados. Esta doença não é transmitida por contacto sexual, mas assegure-se que cuida bem da sua higiene.

Use um preservativo durante o sexo anal e nunca tenha sexo anal ou oral sem a devida preparação. O pénis precisa de ser muito bem lavado. Qualquer contacto com as fezes de uma pessoa infectada é perigoso. Isto também inclui lavar as mãos em casas de banho públicas. Se tiver relações sexuais no calor da paixão, tem de lavar as mãos imediatamente depois do sexo.

O vírus está presente nas fezes de uma pessoa infetada durante, pelo menos, três semanas antes de se desenvolverem quaisquer sintomas. Assim, não há maneira de determinar se alguém é ou não portador do vírus. Não há cura e a doença raramente provoca uma condição crónica, que pode ainda assim ser fatal, pelo que a prevenção se reveste de especial importância.

- Hepatite B

A hepatite B é provocada por um vírus da família dos hepadnavírus, mais precisamente o ortohepadnavírus. É transmitido através do sangue, esperma ou fluidos vaginais, saliva, urina e leite materno. O vírus é facilmente transmitido durante as relações sexuais. A maioria das pessoas infetadas com o vírus recupera sem desenvolver quaisquer sintomas e torna-se imune.

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Os portadores da infeção correspondem a 10% das pessoas que recuperaram da doença. Muitas sofrem da chamada hepatite crónica. Estas pessoas em particular têm que ser muito cuidadosas durante a relação sexual. O cenário ideal seria encontrarem uma pessoa imune ao vírus. A imunidade é conseguida através da vacinação contra o vírus. Geralmente, é obrigatória a vacinação das crianças, membros da família de pessoas com infeção crónica e os seus parceiros sexuais, pacientes que efetuem diálise e trabalhadores do setor da saúde. Outras pessoas são vacinadas por sua iniciativa. Depois da doença se desenvolver não há cura.

Alguns dos medicamentos antivirais são eficazes para alguns pacientes. Esta doença pode, no entanto, ser controlada, desde que devidamente monitorizada e acompanhada. Estima-se que afete, em média, mais de 100.000 portugueses e calcula-se ainda que à volta de 1% da população portuguesa tenha o vírus como portador crónico, o que significa que tem sempre consigo o vírus.

- Hepatite C

A hepatite C é provocada por um vírus da família dos flaviviridus, mais precisamente o hepacivírus. Estes vírus provocam várias doenças, como é o caso da febre de dengue e da febre do Nilo. Disseminam-se através de mosquitos. Entre os humanos, transmite-se através do contacto com sangue infetado, o que não significa que esteja propriamente seguro. É frequente aparecerem pequenas lesões durante o sexo devido à fricção.

Pode também haver vestígios de sangue no esperma e na saliva, se as gengivas estiverem a sangrar, por exemplo. Assim, é possível ser infetado durante o sexo. À semelhança das infeções anteriormente descritas, muitas pessoas nem se dão conta que estão infetadas e recuperam facilmente, enquanto outras podem ter problemas graves. É muito perigoso se também estiver infetado com hepatite A ou hepatite B.

Nunca deve sobrecarregar o seu fígado, pelo que consumir álcool e ingerir comidas gordurosas em excesso são comportamentos a evitar, alertam os profissionais de saúde. O tratamento da hepatite C contempla, por norma, uma combinação de medicamentos, incluindo injeções de peginterferão e cápsulas de ribavirina. O tratamento tem uma taxa de eficácia de 50%, dependendo do genótipo do vírus.

A hepatite C afeta entre 170 a 200 milhões de pessoas em todo o mudo, cerca de 3% da população mundial. Em Portugal, estima-se que, atualmente, o número de infetados ronde os 100.000, provocando um número aproximado de 1.000 mortes por ano. Nos países desenvolvidos, como é o caso do nosso, esta patologia clínica continua a ser uma das causas mais frequentes de cancro do fígado e de transplante hepático.