No segundo semestre deste ano, os trabalhadores dependentes vão ter uma alteração no seu salário líquido, devido à entrada em vigor das novas tabelas de retenção na fonte de IRS. As novas tabelas refletem um modelo distinto de cálculo da retenção na fonte, que segue uma lógica de taxa marginal, mais alinhada com os escalões de IRS que são tidos em conta para a liquidação anual do imposto.

Na prática, a maioria dos trabalhadores descontará um valor mais baixo para o IRS, o que se traduzirá num aumento do salário ao final do mês. No entanto, isto não significa que pagará menos imposto, apenas que adiantará um valor mais baixo todos os meses. Na altura da liquidação anual do IRS, terá um reembolso mais baixo, ou poderá mesmo ter de pagar.

Veja, neste artigo, o que muda no segundo semestre do ano e qual vai ser o seu salário líquido.

Como funciona a nova fórmula de cálculo da retenção na fonte de IRS?

Se costuma fazer retenção na fonte de IRS, sabe que o valor está associado aos seus rendimentos, mas também ao seu agregado familiar e número de dependentes. Até agora, havia um valor percentual definido para casa escalão de rendimentos, tendo em conta o agregado familiar.

A partir de julho, a fórmula de cálculo altera-se, passando a seguir uma lógica de taxa marginal máxima com uma parcela a abater. Só depois é que é apurada a taxa efetiva mensal de retenção no limite do escalão e definido o valor final com base nos rendimentos do trabalhador, situação do agregado e número de dependentes.

Tal como aconteceu no primeiro semestre do ano, os salários até 762 euros estão isentos de retenção na fonte de IRS, o que significa que apenas descontam 11% para a Segurança Social.

Para ter uma ideia do impacto destas alterações no salário líquido, consideremos o exemplo de um trabalhador dependente, não casado e sem filhos. Com um ordenado bruto de 1.000 euros (sem subsídio de alimentação) recebia, no primeiro semestre, um salário líquido de 779 euros, e passará a receber, no segundo semestre, 794 euros. Mais 15 euros ao final do mês. Se esse mesmo trabalhador recebesse 2.500 euros brutos, o acréscimo no segundo semestre será de 29 euros.

Para saber o impacto, no seu caso, recorra ao simulador de salário líquido do segundo semestre que, de forma simples e rápida, mostra quanto vai receber todos os meses, já a partir de julho.

Trabalhadores com três ou mais filhos têm benefício extra

Para os trabalhadores com filhos, o cálculo da retenção na fonte contempla ainda uma parcela a abater por cada filho, que varia consoante a situação familiar do trabalhador. Por exemplo, tratando-se de um trabalhador casado, dois titulares, a parcela a abater é de 21,43 euros por dependente, enquanto no caso de um trabalhador casado, único titular, a parcela a abater é de 42,86 euros por filho.

Vejamos o exemplo de um casal, com dois dependentes e salários brutos de 1.400 e 900 euros. No primeiro semestre recebiam, em conjunto, 1.800 euros, e no segundo semestre vão receber 1.858,86 euros. Ou seja, mais 58,86 euros.

As famílias com três ou mais filhos vão ter um desconto adicional, uma vez que será aplicada uma redução de um ponto percentual à taxa marginal máxima correspondente ao escalão em que se integra o trabalhador, mantendo-se inalterada a parcela a abater e a parcela adicional a abater por dependente.