Segundo a ONG, que divulgou hoje o Índice de Risco Climático Global, publicado anualmente, Moçambique ocupa o primeiro lugar na lista dos países mais vulneráveis às alterações climáticas, depois de ter sido afetado em 2019 (último ano analisado) por dois dos maiores ciclones que já se abateram sobre o país (Idai e Kenneth), que fizeram cerca de 700 mortos.

O Zimbabué, também afetado pelo ciclone Idai, ocupa o segundo lugar na lista de países com mais mortos e danos em 2019, estando o Maláui, igualmente vítima da tempestade tropical, em quinto lugar.

O Idai “converteu-se rapidamente no ciclone tropical mais mortífero e com maiores custos do sudoeste do Oceano Índico, causando danos económicos de 2.200 milhões de dólares” (1.802 milhões de euros) e provocando mil mortos naqueles três países, apontou a ONG.

As Bahamas (3.º) e o Japão (4.º) completam os cinco primeiros lugares do Índice de 2021, que elenca os países mais vulneráveis aos desastres naturais provocados pelas alterações climáticas.

Porto Rico, Myanmar (antiga Birmânia) e Haiti foram os três países mais afetados nos últimos 20 anos, seguidos das Filipinas (4.º) e Moçambique (5.º), numa lista que soma 475.000 mortes causadas por mais de 11.000 fenómenos meteorológicos extremos, registados entre 2000 e 2019 pela GermanWatch.

De acordo com o Índice Global de Risco Climático, desde o início do século as catástrofes naturais terão custado 2.560 mil milhões de dólares (2.102 mil milhões de euros).

Segundo a ONG, são os países mais pobres que pagam o preço mais elevado pelas tempestades, inundações ou vagas de calor provocadas pelo aquecimento global.

“Os países pobres são mais afetados porque são mais vulneráveis aos efeitos devastadores dos perigos e têm menos capacidades para os ultrapassar”, apontou Vera Keunzel, uma das autoras do relatório, à agência de notícias France-Presse (AFP).

Países como o Haiti, Filipinas ou o Paquistão são atingidos por catástrofes climáticas com tanta frequência que não têm tempo para recuperar totalmente antes da seguinte, observou ainda.

Os países ricos tinham prometido aumentar a ajuda climática aos países em desenvolvimento para 100 mil milhões de dólares (82 mil milhões de euros) por ano a partir de 2020, o que ainda não foi cumprido.

Num relatório divulgado em meados de janeiro, responsáveis do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) afirmaram que há um défice significativo no financiamento global de medidas de adaptação.