“Um terço da comida que produzimos é desperdiçada. Olhar para este número é, e deve ser, assustador”. Sara Oliveira, autora do livro “Saudável e Sem Desperdício”, parte desta frase, sustentada em números da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, como mote para repensarmos o fim que damos aos nossos resíduos alimentares domésticos.

“Pensamos que resíduos alimentares não têm qualquer impacto se colocados no caixote do lixo. Tanto o lixo orgânico como o não orgânico é compactado nos aterros”, conta-nos Sara Oliveira na introdução à sua obra, sublinhando o peso que este processo tem para o ambiente: “este lixo compactado deixa de ter espaço para que o oxigénio circule”. A decomposição faz-se com bactérias nocivas, com produção de metano, prejudicial para a atmosfera.

Com formação em medicina tradicional chinesa e naturopatia, Sara olha ao pormenor para os diferentes aspetos do desperdício doméstico, “se conseguirmos passar de um saco de 30 litros de lixo, para um de cinco, tem impacto real no ambiente e é algo de que se pode orgulhar”.

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Sara Oliveira tem formação em medicina tradicional chinesa e naturopatia.

 Uma redução que resultará de uma cozinha mais sustentável e que gere menos lixo. Por seu turno, menos resíduos em casa, implica planeamento “ir às compras de forma mais consciente, como armazenar e preservar os alimentos e como aproveitar os ingredientes na integra”, adianta Sara, também autora do blogue “Nem Acredito que é Saudável” e do livro homónimo.

Tendo como ponto de partida os objetivos do seu novo livro “Saudável e Sem Desperdício” (edição Casa das Letras), Sara Oliveira deixa-nos cinco pistas para reequacionarmos o desperdício doméstico e fazer dele uma mais-valia para a nossa mesa, mas também para a limpeza do lar e cosmética.

1. Acondicione bem os alimentos e aproveite-os ao máximo

Comprar a quantidade certa e acondicionar bem os nossos alimentos é a melhor forma de evitar que se degradem e sejam deitados no lixo. Ainda assim, por vezes há alturas em que isso é difícil. Se por exemplo, a sua fruta estiver a ficar demasiado madura, experimente fazer esta compota deliciosa e sem açúcar refinado. A fórmula resulta com qualquer fruta ou combinação de várias.

2. Não jogue foras as cascas e os talos

As cascas e os talos de frutas e vegetais são considerados menos nobres e, normalmente, são deitados fora. No entanto, na sua maioria são comestíveis e ricos em nutrientes. Prefira os de origem biológica e lave-os muito bem com água e vinagre. Pode por exemplo, fazer snacks deliciosos como estas cascas de maçã no forno.

3. Aproveite as sobras e reinvente-as

Nunca deite fora as suas sobras do almoço ou do jantar. Tudo pode ser reinventado e transformado noutra refeição deliciosa, só precisa de imaginação. Ora veja estas papas feitas com sobras de arroz ou quinoa.

Papas de sobras de arroz
Papas de sobras de arroz
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4. Faça em casa em vez de comprar

Ter uma cozinha mais ecológica também significa ser mais autossustentável. Fazer em vez de comprar, além de ser mais saudável, é mais económico, dispensa embalagens e é adaptável ao nosso gosto.

Agora que temos dificuldade em ir às compras, é uma boa altura para começar a fazer alguns dos produtos que normalmente compra feitos. Veja como é fácil fazer o seu vinagre de limpeza aromatizado.

5. Experimente fazer os seus próprios cosméticos

Também da sua cozinha podem sair os cosméticos que normalmente compra embalados. Não precisa sair de casa para os comprar. Além de mais saudáveis, evita também o uso de embalagens e pode adaptá-los ao seu gosto. É o caso deste desodorizante.

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