Sabia que o Banco Central do Japão utiliza a astrologia como ferramenta de gestão?
Possivelmente faz parte da longa lista de cépticos que considera que tudo isto é coisa "de tontos" ou até mesmo de "bruxos". Mas nada como ver para querer. Segundo Masafumi Yamamoto, da divisão de câmbios do Banco Central do Japão, entidade que regula directamente quatro dos 50 maiores bancos mundiais (Mitsubishi UFJ Financial Group, Mizuho Financial Group, Sumitomo Mitsui Financial Group e Norinchukin Bank) as análises económicas que o banco faz têm por base dados que vão das tradicionais "análises macro-económicas, às analises de séries (com métodos econométricos), aos estudos históricos, às analises políticas e até mesmo à astrologia".

Um espanto para muitos. Um sinal para outros tantos que vêem aqui uma luz ao fundo do túnel para o restabelecimento da credibilidade da astrologia enquanto ciência. "Este é um marco que mostra que a astrologia começa a ser respeitada" diz Fernando Albuquerque, informático de formação, que se dedica ao estudo da astrologia há "muitos anos", tantos que lhe dão o poder de afirmar: "Tenho pena que existam muitas pessoas a estragar um trabalho milenar. Mistura-se astrologia com outras coisas. E assim perde-se a credibilidade", conclui.

Para este astrólogo, especializado em empresas e que é actualmente consultor de empresas nacionais (entre as quais de algumas SA), ainda estamos muito longe de começar a admitir que usamos a astrologia como ferramenta de gestão.

"Eu presto consultoria astrológica para muitas empresas - algumas de uma forma pontual, outras através de uma avença anual", diz clarificando que esta é uma prática comum. Questionado sobre se os trabalhadores das empresas sabem que é astrólogo, Albuquerque responde reforçando a negativa. "Não. De forma alguma". "Os clientes têm vergonha de mencionar que têm um consultor astrólogo e por isso sou profissionalmente referido como consultor estratégico", afirma, acrescentado que dizem muitas vezes que gostavam de dizer a este e àquele… mas não podem; não conseguem. E chegam mesmo a referir: "Não sou capaz de falar sobre isto".

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Tabu?
Sem dúvida. A astrologia é considerada algo "de outro mundo". Talvez por isso seja tão difícil encontrar pessoas - e principalmente responsáveis empresariais - que assumam que recorrem ao poder dos astros. Não foi totalmente esse o caso de Luís Santos, que encontrámos no gabinete do seu consultor empresarial. Este quadro superior de uma grande empresa aceitou falar com o Diário Económico, cara a cara, desde que não fosse publicado o seu nome. "Prefiro que não escreva o meu nome verdadeiro, tão pouco que me identifique como administrador da minha empresa", diz antes de mais nada. "Ninguém iria perceber", justifica-se. "De qualquer forma posso dizer-lhe que há quatro anos que tomo as minhas decisões empresariais também com o apoio da astrologia empresarial. O Fernando faz o enquadramento das situações e vai além dos bons e maus momentos. Para quem tem que tomar decisões, a perspectiva astrológica cria uma dinâmica diferente."
Inédito? Não o é. A astrologia está a ganhar espaço um pouco em todo o mundo. Na Índia tem já direito a título académico de curso superior; em Espanha e nos Estados Unidos a bacharelato; e no Brasil as associações profissionais de astrólogos ganham cada vez mais sócios (principalmente em Brasília - curiosamente uma cidade construída, segundo a história, por ser um centro cósmico). Até nas páginas dos jornais, onde a astrologia ainda está ligada (de "forma errada", dizem os astrólogos) aos signos, esta arte ganha destaque.
Numa entrevista recente publicada em Inglaterra e intitulada "Os grandes bancos ingleses usam a astrologia para apostar nos mercados", a astróloga Christeen Skinner afirma: "A actual crise financeira assegura que estou profissionalmente mais ocupada do que nunca". Na mesma entrevista Christeen é referida como uma das "emergentes, apesar de secreta, astróloga" que está a dar consultas a pessoas que pertencem a instituições conservadoras como bancos ou empresas de comércio. Contactada pelo Diário Económico, a consultora confirma que aconselhou profissionais e comerciais da banca. Diz no entanto que não está autorizada a falar mais nada "devido às cláusulas de confidencialidade".

Quem entende bem o poder dos números, dos astros e do segredo "como alma do negócio" são os economistas. O Diário Económico encontrou dois que entendem a máxima acima referida mas não o tabu em torno da astrologia.

Da Economia para a Astrologia
Isabel Antunes e João Medeiros são dois economistas, ambos formados na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, uma das top nacionais que, "quis o destino", enveredaram pelo mundo da astrologia. Uma viagem que consideram "muito feliz". Em distintos consultórios estes dois economistas dizem que o poder dos astros sobre a economia é enorme e tem implicações que podem ser mais bem aproveitadas.

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João Medeiros, que fundou o Centro de Estudos e Inovação em Astrologia (CEIA) diz mesmo que temos que desmistificar o que é um astrólogo. "Existe uma ideia errada", afirma acrescentado, que por exemplo em termos económicos, "um astrólogo com conhecimentos bons facilmente iria perceber que estávamos a chegar a uma crise. Esta é sem dúvida uma altura de crise e de transformação, segundo os mapas astrais" E é necessário esse entendimento, diz, antes de concluir que "cada vez mais necessitamos destas ferramentas."

Quem partilha da mesma opinião é a economista Isabel Antunes, astróloga e também empreendedora - que fundou o espaço Anima. Como esta profissional esotérica refere a astrologia é uma ferramenta de gestão e de recursos humanos poderosíssima. Para esta economista, que esteve seis anos e meio na CMVM, os problemas sociais têm origem económica e por isso faz todo o sentido ter tirado economia e agora estar na astrologia, área que "adoro e me faz feliz". Onde pode sentir que, de certa forma, pode mudar o mundo.

E a capacidade de "poder ajudar" é o que move estes astrólogos, independentemente de em épocas de crise terem os consultórios cheios. "As pessoas estão agora com mais dúvidas e portanto é natural que nos procurem mais", diz João Medeiros, que tal como Isabel também dá cursos de astrologia no seu espaço. A procura é crescente e a paixão de ambos por esta "que considero um ciência", refere João Medeiros, também. Algo motivado por energias que ultrapassam os meros números económicos. "O maior serviço que eu presto é estar ali para ouvir. Há pessoas com necessidade de serem ouvidas. Às vezes precisam apenas de desabafar e ganhar paz de espírito".

No meio da crise económico-financeira, que se instalou no país, em que o desemprego, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, atinge 10,1% da população portuguesa - ou seja, há 563 mil portugueses sem emprego - em que o consumo de anti-depressivos aumenta 3,1% para 6736 milhões de embalagens, e em que os episódios de falências inundam os noticiários, não é de estranhar que as pessoas procurem energias alternativas para lhes alimentar o espírito.
Acreditando ou não nesta ciência milenar, o certo é que a importância do estudo destas artes nunca foi tão importante como em tempos de crise em que as igrejas católicas estão mais vazias e alguns espíritos e bolsos também. E se lá fora o Dalai Lama visita Barack Obama, por cá temos um candidato à Presidência, Fernando Nobre , que defende publicamente, no seu livro "Humanidade" que "Só ela, a espiritualidade, nos permitirá, com "os pés no chão e a mente no rodopio das galáxias , vencer os desafios globais".

Fernando Pessoa, o grande astrólogo
Pessoa surpreende em todos os campos. Até no mundo dos astros é campeão.
Fernando Pessoa é o grande astrólogo português. Um génio literário mas também um génio da espiritualidade esotérica!" quem o diz é José Manuel Alves, químico de formação, doutorado em antropologia e autor de "Fernando Pessoa e os Mundos esotéricos". Para este especialista em correntes espirituais esotéricas "Fernando Pessoa teve a capacidade de criar heterónimos" e elaborou "um horóscopo de acordo com a sua personalidade literária e com a sua biografia". "É incrível como os heterónimos foram criados com local e datas exactos (com excepção de Bernardo Soares e António Mora)", refere. Ricardo Reis, nasceu no Porto em 1887, é médico e viveu no Brasil; Alberto Caeiro, nasceu em Lisboa, em 1889, e é um poeta bucólico que vive no campo; Álvaro de Campos, nasceu em Tavira, em 1890, e é engenheiro naval por Glasgow. Como escreve este autor, que refere e cita constantemente o astrólogo Paulo Cardoso como o grande especialista em Pessoa, "além dos horóscopos dos heterónimos, Pessoa elaborou também muitos outros de diversas pessoas, entre os quais Raul Leal, Almada Negreiros e…ele próprio, em cujo horóscopo se aponta como data da possível da sua morte, Maio de 1935, seis meses antes do seu falecimento". Sumarizando, a astróloga Isabel Antunes afirma que "na astrologia temos quatro elementos. Fernando Pessoa é sobretudo Ar e o poeta esotérico criou três heterónimos de forma a que cada um fosse maioritariamente de um outro elemento (Fogo, Terra e Água).

Texto: Mafalda de Avelar in Diário Económico