É de senso comum que a natureza sofre variações logo, um jardim sofre modificações ao longo das estações do ano e ao longo dos anos. Assim, a manutenção que devemos fazer nos jardins e consequentemente nos relvados, também varia de época para época. No entanto, existem algumas regras base para a manutenção. Os programas de manutenção devem ser adequados a cada jardim e a cada relvado consoante o seu estado geral.
Devem também ser tidas em conta as condições de uso, o tipo de solo, o clima e as várias envolventes. Depois de uma análise detalhada, poderá delinear-se um plano de ação escolhendo as operações culturais e os produtos mais indicados a aplicar. Surgem então várias questões.
Quando ressemear? Quando fertilizar? Como regar? Necessito de escarificar? Como fazer o corte da relva, qual a frequência e altura? Debrucemo-nos, então, sobre os relvados e como atuar em manutenção. Eis, de seguida, algumas dicas para manutenção a ter em conta nesta altura.
Os cuidados a ter com a rega
A chegada da primavera e aumento de temperaturas não significa regar todos os dias. Regue apenas quando a relva necessita. Água em excesso resulta em apodrecimento radicular, má prática ambiental e custos elevados. A rega deve sempre passar a profundidade das raízes. Se a água começa a escorrer à superfície e ainda não atingiu as raízes, deve reduzir o tempo de rega de modo a que a água não escorra, aguardar alguns minutos e regar novamente.
Deve, de seguida, repetir até que a água passe a profundidade das raízes. Enquanto houver água no solo disponível para as plantas, não deve regar novamente. Por vezes, é necessário cortar ramos de arbustos ou sebes que cresceram e tapam o ângulo de rega e, nalguns casos, tem mesmo que se reposicionar os aspersores.
Evite também regar em excesso. Se tem zonas mais secas, compense manualmente com o auxílio de uma mangueira. Fure quando o solo se encontra muito duro ou escarifique quando a camada superior do solo está a impermeabilizar por apresentar muito feltro ou musgo. Regue de preferência de madrugada, ou ao princípio da manhã, os ventos são mais calmos e reduz o aparecimento de doenças.
O imperativo da escarificação
Este procedimento serve, não só para retirar folhas mortas acumuladas, mas também para reduzir o feltro acumulado em excesso, controlar infestantes e promover a densidade do relvado.
Como colmatar a necessidade de arejamento
Solos compactados e rijos devem ser furados para promover a circulação do ar ao nível do solo. Os microorganismos benéficos necessitam de oxigénio para sobreviver. São estes microorganismos que nos ajudam a manter o equilíbrio dinâmico dos solos.
A fase da ressementeira
Escolha sementes certificadas e preferencialmente mistura igual à do relvado original. Poderá também optar por ressemear com outra espécie se o objetivo for o de mudar as características do relvado original, procurando maior resistência ao frio, calor, doenças, ou por exemplo, pisoteio.
A colocação de um tapete de relva
Nesta época a colocação de tapetes de relva, é de grande sucesso pois as temperaturas estão amenas e a instalação é mais eficiente, com emissão de raízes muito rapidamente. A opção de colocar tapete permite-nos ter um relvado denso e maduro quando o excesso de calor chegar.
Este procedimento tem a vantagem de ter um relvado feito num só dia. Escolha preferencialmente um tapete certificado, que é sinónimo de boas práticas de produção e isenção de resíduos químicos.
O desafio da fertilização
Nesta época, é especialmente benéfico fertilizar. Se o seu relvado for de estação fria, daqueles que não entram em dormência de inverno e se mantêm verdes o ano inteiro, está agora a enraizar e com o metabolismo ativo indo favorecer imenso, tornando a planta mais resistente ao calor e a doenças, preparando-a para o verão.
Se o seu relvado for de estação quente, daqueles que entram em dormência de inverno e ficam amarelados, agora começa o seu desenvolvimento, sendo necessário fertilizar para que este não tenha carências nutritivas e se apresente robusto e com crescimento vigoroso. Deve usar fertilizantes de libertação lenta e/ou controlada e específicos para relvados.
O processo de corte
O corte, para além de remover parte da folha fotossintética, gera uma ferida criando uma porta de entrada de agentes patogénicos. Deve cortar com lâminas bem afiadas. Lâminas mal afiadas originam cicatrização mais demorada, mau aspeto estético e doenças. Nunca remover mais de 1/3 da altura da folha num único corte.
Na primavera, a altura de corte de relvados, em jardins, deve ser cerca de 3,5 centímetros. Consoante as espécies de relva e tipo de utilização, a altura e frequência de corte poderá variar. Em suma, a manutenção implica várias operações que se interligam e definem a qualidade do relvado. Com uma boa manutenção, obtém-se um relvado de qualidade.
Texto: Filipa Mateus de Almeida (consultora em jardins e relvados desportivos)
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