"Às vezes, é muito difícil para mim estar de férias. É das coisas mais idiotas que se pode dizer", começa por declarar António Raminhos num desabafo sentido no qual, sem medo do julgamento, admite a mistura de sentimentos que os períodos de descanso, longe de casa e às vezes do país, lhe causam.

"[...] é verdade, passar férias fora do meu país é, sobretudo, perder o controlo. É ficar hiper vigilante, com dúvidas sobre tudo. Não conhecer as ruas por onde passo, os restaurantes, as pessoas... como se estivesse sempre um perigo à espreita", confessa.

Raminhos, que sofre de ansiedade e de um transtorno obsessivo-compulsivo, assegura ter noção de que este seu sentimento é "muito injusto" para quem está consigo.

"Ao mesmo tempo, acredito que seja de difícil compreensão para quem está de fora perceber como se pode 'não aproveitar'. Por isso escrevo estas palavras. Não é um discurso de coitadinho, é de compreensão e aceitação", realça.

Por fim, o humorista deixa conselhos a quem partilha dos seus medos e a quem tem de lidar com eles estando de fora: "Para quem está de fora, que compreenda que os medos e dúvidas são reais. Ninguém quer estragar as férias de ninguém. E, para quem passa por isto no olho do furacão, que entenda que o mundo não está contra si, que está a fazer o melhor que pode naquele momento. Mas, sempre que possa, não ceda à ansiedade ou ao medo, porque merece ir de férias... pela família, pela vida, mas sobretudo por si".

Eis abaixo a partilha completa: