Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, esteve esta quarta-feira, 25 de agosto, à conversa com João Baião no programa matutino da SIC, 'Casa Feliz'. A convidada falou dos mais diversos assuntos, com destaque para a vacinação, imunização da população mais jovem e a importância da testagem.

"É altura para irmos respirando. É tudo uma questão de equilíbrio. Hoje a taxa de vacinação [completa] já é 72%, todos os dias aumenta um bocadinho. Quanto mais pessoas estiverem vacinadas, mais conseguimos aliviar as medidas e a nossa vida ir-se tornando normal, mais parecida ao que era", começa por referir.

Entretanto, quanto a isto, faz uma chamada de atenção: "E eu disse uma coisa importante, disse parecida, não disse igual, porque não é a altura de fazermos tudo, mas é a altura de nós próprios, cidadãos, percebermos o que podemos fazer no nosso dia a dia para diminuir o contacto com outras pessoas e diminuir o risco que ainda não é zero".

A (necessária) vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos

Questionada pelo apresentador sobre a vacinação da faixa etária mais jovem e do tempo que demorou a ser tomada a decisão, Graça Freitas explicou: "Houve aqui uma grande necessidade de esperarmos por dados por uma razão muito simples: o benefício da vacinação de um idoso é imenso, porque tem um grande risco de ter doença grave e, infelizmente, poder morrer. Num prato da balança ficam os benefícios e no outro os possíveis riscos da vacinação. Mas os benefícios ultrapassam".

A entrevistada afirma que houve necessidade de uma análise mais detalhada dos benefícios/riscos da vacinação para jovens entre os 12 e 15 anos, mas que uma vez conhecendo os factos, a decisão acabou por ser tomada.

"Digo sempre isto: em vez de estar a passar uma receita para cada menino ou menina, estou a passar uma receita universal, para todos. Neste caso, sabemos que os benefícios suplantam os riscos. Quando decidimos que uma vacina deve ser administrada, quanto mais depressa e mais pessoas melhor. (...) Este é o conceito da vacinação, a proteção. Fazer coincidir com o ano letivo é ótimo porque vai aumentar muito o convívio, o contacto", sublinha.

3.ª dose: é necessária?

Outro dos aspetos que tem estado na ordem do dia refere-se à necessidade de ser administrada uma 3.ª dose da vacina à população já imunizada. A diretora-geral da Saúde entende que a situação é aplicada a dois grupos distintos.

"Há pessoas que têm uma determinada doença ou estão a fazer uma determinada terapêutica que quando foram vacinadas podiam estar imunosuprimidas, ou seja, o seu sistema imunitário não desatava a produzir anticorpos ou defesas. Nessas pessoas está aconselhada uma outra dose. Numa fase em que já estão mais restabelecidas (...) terão uma outra oportunidade de vacinação", diz em relação ao primeiro grupo que adianta ser composto por 100 mil pessoas.

"Para outro grupo, cujo sistema imunitário não é tão forte, seria um reforço: pegar na imunidade que ela já tem dessas outras duas doses e estimulá-la, como se faz para as crianças no programa nacional de vacinação", conclui, quanto ao segundo.

Os testes continuam a ser precisos

Outra das dúvidas foi quanto à necessidade de se continuarem a fazer testes, mesmo tendo o certificado digital nas mãos. Graça Freitas garante que as "medidas muitas vezes sobrepõem-se" e que os testes deverão ser feitos em caso de "sintomas", "contacto com alguém doente" ou para quem ainda não tem o certificado.

O vírus é como uma dinastia

Os últimos meses foram um verdadeiro desafio para Graça Freitas. A convidada confessou que o mais difícil foi lidar com o desconhecimento quanto ao mesmo e aos seus efeitos, algo que foi sendo ultrapassado com o tempo.

"Estes vírus acabam por se tornar residentes, são uma espécie de dinastia. É inaugurada uma dinastia, há aquela turbulência do início, mas depois o vírus instala-se nas nossas vidas e nós habituamo-nos a lidar com ele", termina.

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