É um dos maiores disco-jóqueis portugueses da atualidade e este verão, à semelhança dos últimos, não tem parado. Aos 31 anos, Kura, o DJ autodidata, tímido e acessível que faz suspirar o mulherio, não se deixa, no entanto, deslumbrar pela fama. "Não vivo de noite. Vou [para os locais onde atuo] meia hora antes de tocar, toco, fico mais uma hora a dar autógrafos e a tirar fotos e, a seguir, vou-me embora", desabafa o músico.
"Não é a minha cena viver uma vida de artista. Todos os domingos, jantamos na casa da minha avó ou das minhas tias", confessa Rúben de Almeida Barbeiro. Em entrevista à edição desta semana da revista Sábado, o DJ reafirma a necessidade de não se afastar dos seus. "A família é a base da minha estabilidade. A minha avó, de 78 anos, mora na casa ao lado da minha e já me foi ver a pôr música às 03h00", revela Kura.
O computador que lhe mudaria a vida foi ela que lho ofereceu parcialmente. "Não precisei de um estúdio para começar a fazer música. Bastou um portátil que a minha avó me ajudou a comprar e ter um programa de produção", conta o DJ.
Antes de começar a passar música em discotecas como a Bauhaus, no Estoril, onde tinha de limpar a cabine e as estruturas onde os strippers atuavam e onde ganhava 50 € por um horário de 12 horas que se prolongava das 22h00 às 1oh00, trabalhou numa loja de surfe em São Domingos de Rana, nos arredores de Cascais.
"Tinha 17 anos e queria uns trocos para curtir o verão", assume. Foi nessa altura que se começou a aventurar no mundo que o tornaria célebre. "Aprendi sozinho e, mais tarde, com tutoriais do YouTube", afirma o antigo operador de call center que vendia cartões de crédito e empréstimos bancários. Um dia, encheu-se de coragem. "Sou um tipo supertímido mas fui bater à porta da Bauhaus e fiquei. Era tudo novo", recorda Kura.
"Diziam-me para ter cuidado com o álcool e com as drogas [mas] sempre fui muito consciente porque a minha mãe estava sempre a chatear-me com isso desde pequeno. Tenho uma addictive personality [personalidade compulsiva], não sei dizer em português. Nunca experimentei porque sei que, se experimentasse e gostasse, não parava. Além disso, sempre fui muito ligado ao desporto. Faço ginásio e jogo futebol", esclarece o DJ.
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