A conversa com Daniel Oliveira levou Ana Patrícia Carvalho a recordar fases marcantes da sua vida, como o dia em que foi brutalmente atropelada numa passadeira.
"Aos 17 anos, já estava a fazer alguns trabalhos para ganhar o meu dinheiro, a minha autonomia. Tinha acabado de vencer um concurso de modelo, tinha alguns projetos no sentido de viajar, desfiles, contratos... Nunca deixei de estudar, esse era o meu principal objetivo. E pouco antes de embarcar para o Brasil, tive um acidente", lembrou.
"Nesse dia, tinha tudo para não estar ali àquela hora. Lembro-me que o meu pai me ligou para me ir buscar, que o meu irmão me ligou para me ir buscar onde eu estava. Disse sempre que não, que ia com as minhas amigas, ia ver as notas à escola e depois ia apanhar um autocarro para ir para casa", recordou ainda.
"Haviam muitos sinais para eu não ficar ali. Quando sai do autocarro, curiosamente, saía muitas vezes e atravessava logo a estrada, muitas vezes não ia à passadeira. Naquele dia fui, esperei que me dessem passagem", detalhou, referindo que foi quando estava a sair da passadeira que um carro "que vinha a alta velocidade" a atropelou.
"Voei um pouco, fui projetada", disse. "No local, tentando-me levantar, olho para a roupa, vejo-me toda cheia de sangue e apaguei-me. Depois só volto a acordar no hospital", contou.
"O filho do meu médico de família, curiosamente, vinha atrás e assistiu ao acidente. Ele ligou ao meu médico de família e acabei por ir mais cedo para o hospital, porque o meu médico foi buscar-me e levou-me, chegou muito antes da ambulância", explicou ainda.
"A pessoa que me atropelou fugiu e quem me tinha dado passagem foi atrás dessa pessoa. Mais tarde, identificou-se quem foi e tinha fugido porque estava com o carro do pai do namorado e percebeu que tinha batido em alguma coisa, mas não tinha percebido o quê", acrescentou.
"Tenho memória de ver uma luz ao fundo do túnel. Sei que é estranho, o meu irmão brinca muitas vezes comigo e diz que era só um farolim. Lembro-me de ter um período em que não sei muito bem onde estive, mas era um sítio escuro. Depois lembro-me de voltar a ter memória já no hospital com os médicos a cortarem-me a roupa e muito barrulho, sem perceber muito bem o que estava a acontecer. E lembro-me de me ter visto ao espelho", destacou.
"Vi uma Patrícia desfeita, literalmente. Estava imobilizada, tinha partido braços, pernas, estava inchada do impacto. Bati com a cara no passeio, foi a minha sorte, se tivesse batido com a cabeça, possivelmente não contaria esta história", relatou, tendo afirmado que "parte da cara era uma ferida aberta".
A jornalista passou depois por um longo período de recuperação, tendo estado "quatro meses em casa imobilizada".
As visitas que recebida eram momentos 'agridoce'. Se por um lado gostava que a fossem visitar, por outro "ficava mais triste no final porque percebia que as pessoas não estavam preparadas para a ver assim".
Contou com o apoio dos amigos e da família, mas sobretudo da mãe, que "era a enfermeira" lá em casa. "Se não tenho marcas visíveis foi graças à mãe", afirmou.
Apesar da grande ferida com que ficou no rosto, não precisou de fazer nenhuma cirurgia plástica reconstrutiva, só nas mãos - "algo simples". "As mãos não tinham pele, fiquei com os ossos de fora porque deslizei no alcatrão durante muito tempo", revelou.
Durante este período difícil passou ainda pelo luto da morte do avô. "Fui ao funeral muito abatida, não conseguia andar, sequer. Não me consegui despedir", desabafou.
Ainda na entrevista ao 'Alta Definição', da SIC, a namorada do ator Luís Lourenço falou também do vírus do papiloma humano. A jornalista fez mais do que uma "intervenção", teve "lesões de alto risco" e "células malignas que teve de retirar". Condição que está agora "controlada".
"O Luís, que sabe da minha história, que acompanhou mais ou menos o processo e sabe de tudo, a determinada altura, quando estávamos mais próximos, lembro-me de me ter enviado uma fotografia com um penso no braço. Na altura achava que ele tinha ido levar o reforço da Covid. E ele disse-me que não, que tinha ido vacinar-se contra o HPV, porque se tinha intenções de ter alguma coisa comigo, isso iria deixar-me tranquila, e se não fosse por mim, que fosse para que nenhuma mulher passasse pelo que eu passei", contou.
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