Antes, eram basicamente adolescentes mas, nos dias que correm, há cada vez mais crianças a aderir à moda do surfe. Aos 14 anos, Teresa Bonvalot, nascida em 1999, converteu-se uma das promessas da modalidade em Portugal, ganhando o campeonato europeu de júniores em 2016, feito que repetiu em 2017. Mas tinha apenas nove anos quando subiu a uma prancha pela primeira vez, na praia do Guincho, em Cascais.
Em entrevista à revista Saber Viver, António Pedro Sá Leal, fundador da Alfarroba Surf Academy, uma comunidade que promove este desporto, explica qual é a melhor idade para uma criança se iniciar no surfe e quais as vantagens deste tipo de desporto para os mais pequenos. "Esta modalidade ajuda a melhorar a capacidade física de quem o pratica e proporciona um bem-estar geral", garante mesmo o especialista.
Desde abril de 2017, António Pedro Sá Leal é um dos empreendedores que dinamizam a Associação Surf Social Wave, uma associação sem fins lucrativos que atua na área do surfe, contribuindo para a melhoria de vida de três segmentos da sociedade em situação de exclusão social ou em risco de exclusão. "Trabalhamos com crianças entre os 10 e os 14 anos, com adolescentes e ainda com pessoas em situação de desemprego", esclarece.
Existe uma idade boa para se começar a aprender surf?
Idealmente, a partir dos oito anos. No caso da Alfarroba Surf Academy, fazíamos todos os anos um baptismo de surfe para crianças com cinco anos. Essa experiência é muito interessante pois é uma primeira abordagem ao surfe que, em muitos casos, deixa um desejo nas crianças de mais tarde começarem a aprender mais a sério.
Qual a melhor altura do ano para se frequentar as aulas?
Tipicamente, a partir de março. Desta forma, apanhamos a primavera e o verão, que são alturas do ano onde a aprendizagem é mais fácil, pois as temperaturas estão mais amenas e as ondulações são menores. Quem começa por esta altura acaba, depois, por prosseguir para o inverno.
Quais as vantagens deste desporto?
A primeira é o bem-estar que proporciona a quem consegue pela primeira vez deslizar nas ondas. É uma sensação fantástica! Para além disto, o surf permite estar em contacto com o mar o ano inteiro, ajuda a melhorar a capacidade física de quem o pratica e proporciona um bem-estar geral.
Qual o mínimo de aulas para se ficar apto a entrar na água sozinho?
Efetivamente, depende de pessoa para pessoa. Há quem fique apto, com 12 aulas, a aventurar-se sozinho na água e há quem necessite de um ano inteiro para se sentir preparado.
A linguagem que tem de começar a dominar
As marés e o vento são os fatores naturais de maior influência na prática do surf. Por isso, convém dominar a sua linguagem.
Vento
O vento é o fator decisivo entre boas e más condições para o surf. É ele que determina a forma das ondas e a forma como quebram.
- Vento offshore
É aquele que sopra da terra para mar. É perfeito para o surf, porque faz com que as ondas quebrem mais lentamente, fazendo com que sejam bem formadas.
- Vento onshore
Soprando do mar para terra, é o pior para a prática do surfe. Faz com que as ondas quebrem muito rapidamente e de forma desordenada.
- Vento cross shore
Sopra paralelo à terra. Também é bom, mas se mudar para cross onshore quebra as linhas muito rapidamente.
Marés
Determinam a forma das ondas, porque estas quebram quando chegam a águas mais rasas. O contorno do fundo do mar e o local onde as ondas quebram muda conforme a maré e isto define a quebra da onda.
- Beachbreak
Quando as ondas rebentam num fundo de areia. Ideal para começar a aprender surfe.
- Reefbreak
Quando as ondas rebentam em recifes ou rochas. Estas ondas são as mais poderosas e perigosas, devido à mudança abrupta de águas profundas para rasas.
- Shorebreak
Quando a onda quebra muito perto da costa. Isto acontece quando a praia tem uma inclinação forte.
- Pointbreak
Quando a onda atinge uma ponta de terra, rocha, areia ou cascalho que se projeta ou corta o litoral.
Texto: Helena Ales Pereira
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