Da greve às aulas, que decidiu iniciar sozinha para protestar frente ao parlamento sueco, depois das ondas de calor e incêndios que assolaram o país, no ano passado, a adolescente despertou consciências e inspirou ações em vários países, num percurso curto, mas intenso, que a levou à capa da revista Time este mês.
“Agora estou a falar para o mundo inteiro”, escreveu a jovem ativista ao partilhar o artigo nas redes sociais.
Filha de uma cantora de ópera e de um ator, Greta Thunberg tem já biografia aprofundada publicada na Wikipédia, como ativista pelo clima, e a editora britânica Penguin prepara-se para editar, em junho, os discursos com que tem enfrentado vários públicos, na rua ou nas sedes de poder.
“No One is Too Small to Make a Difference” (ninguém é demasiado pequeno para fazer a diferença) terá 11 discursos chave de Greta Thunberg, incluindo o proferido no mês passado no parlamento britânico.
À semelhança das instâncias de outros países, o parlamento português aprovou um convite à jovem ativista para discursar na Assembleia da República, mas Greta Thunberg já avisou que os jovens não querem tirar “selfies” com os políticos, querem medidas em defesa do planeta.
Começou por pedir ao parlamento sueco que reduzisse as emissões de carbono, no âmbito do Acordo de Paris, e sentava-se então todos os dias frente àquela câmara, durante o horário escolar. Em agosto havia decidido não voltar às aulas até às eleições gerais na Suécia, em setembro.
A ação da ativista, nascida em Estocolmo, organizou os jovens da sua geração e transformou-se num movimento à escala global, que realiza habitualmente greve às aulas nas sextas-feiras, além de manifestações e vigílias, a que têm aderido pais e professores.
Na entrevista à Time, publicada na semana passada, Thunberg fala da síndrome de Asperger que lhe foi diagnosticada e da forma como decidiu usar a diferença: “Vejo as coisas de uma forma um pouco diferente das outras pessoas, mais a preto e branco. As alterações climáticas são preto e branco”.
Quando crescer, afirma, quer poder olhar para trás e dizer que fez tudo o podia.
Para Greta Thunberg, é importante o movimento contra as alterações climáticas ser liderado pelos jovens, pois são os principais atingidos pela crise climática, cujas causas atribui sobretudo aos países e grandes empresas.
“Começámos agora a limpar agora a vossa confusão e não vamos parar até termos terminado”, disse num discurso proferido em Bruxelas em fevereiro, sob constantes disparos de objetivas fotográficas.
Aos 16 anos, a popularidade surpreendeu-a, mas conhece bem os relatórios das organizações internacionais sobre o clima, cujas cifras usa com precisão para ilustrar o discurso em defesa da causa que está a liderar.
“Se pensam que devíamos estar na escola, então tomem o nosso lugar nas ruas, fazendo greve no vosso trabalho”. Assim desafiou os críticos da atuação dos estudantes.
Participou em manifestações em várias cidades, que juntaram milhares de pessoas. Aos líderes da Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP24), reunidos no ano passado, disse que apenas falam de economia verde por terem medo da impopularidade, mas que na realidade o fardo fica para os filhos.
O movimento que iniciou levou tabém a convites este ano para discursar no Fórum Económico e Social em Davos, na Suíça, no Parlamento Europeu, no Senado italiano e até se encontrou com o Papa Francisco, que a incentivou a continuar o protesto.
No perfil da ativista que divulgou a 15 de março, a agência espanhola Efe destacou que foi eleita mulher do ano na Suécia, pelo tabloide Expressen, e uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista Time.
A Time garante que o mundo está a ouvir o apelo de Greta Thunberg e cita estimativas dos organizadores de acordo com as quais 1,6 milhões de pessoas terão saído à rua a 15 de março, em 133 países, no âmbito da greve climática inspirada pela ambientalista sueca.
Greta Thunberg foi ainda indicada para o Prémio Nobel da Paz por três deputados noruegueses.
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