Com 1.586.453 alunos matriculados no ano letivo passado, o sistema de ensino português tem vindo a perder milhares alunos, por motivos demográficos, mas o setor privado parece conseguir contrariar a tendência, conquistando cada vez mais famílias.
De acordo com dados atualizados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência no início da semana, o ensino privado aumento em cerca de cinco mil o número de alunos matriculados em 2021/2022, face a 2019/2020, o último ano antes da pandemia de covid-19.
Ao longo do mesmo período, o sistema de ensino perdeu 16.761 alunos e o decréscimo foi ainda mais significativo no setor público (quase 22 mil).
Os números foram hoje destacados pela Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), que, em comunicado, considera que “fica demonstrado que o setor privado tem qualidade e tem estabilidade nas lideranças pedagógicas e no corpo docente, é crescentemente procurado e desejado pelas famílias”.
No privado, o crescimento mais significativo foi no ensino secundário, em que os colégios ganharam quase quatro mil novos alunos, contando com 84.768 estudantes matriculados, o equivalente a cerca de 21% do total.
A associação sublinha ainda a evolução face a 2003, período em que o sistema educativo português perdeu cerca de 300 mil alunos, enquanto o setor privado ganhou 337 alunos.
“Este ganho (…) parece um numero reduzido para um período tão alargado de tempo, mas é que além da saída de mais de 300 mil alunos do sistema educativo fruto da brutal queda demográfica, há que considerar que a partir de 2016, até 2021, com o fim dos contratos de associação, deixaram de poder frequentar o privado por falta de condições financeiras para tal um total de 30.216 alunos”, refere o diretor executivo da AEEP, Rodrigo Queiroz e Melo, citado em comunicado.
Os representantes dos colégios referem ainda a redução do corpo docente no setor, que contava com menos 224 docentes face a 2019.
A AEEP defende, por isso, a flexibilização das regras na contratação de docentes, argumentando que permitirá “manter a rota de afirmação e crescimento”.
“A flexibilização dos critérios habilitacionais para a contratação de docentes permitirá, seguramente, reforçar a nossa capacidade de crescer e de continuar a oferecer projetos educativos de excelência para as famílias que nos desejem escolher”, afirma Rodrigo Queiroz e Melo.
Com mais de dois milhões de crianças e jovens inscritos desde o ensino pré-escolar até ao superior no ano letivo passado, dois em cada 10 alunos frequentavam escolas privadas.
Quase metade dos alunos (cerca de 930 mil) estava no ensino básico, do 1.º ao 9.º ano, havendo outros 397 mil no secundário.
Em estabelecimentos de educação pré-escolar havia pouco mais de 259 mil crianças, quase metade dos alunos que naquele mesmo ano já estavam no ensino superior (433 mil).
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