Quem não adora um dia de verão? A escola está encerrada, os dias são mais longos, as temperaturas mais agradáveis. O espaço exterior, que durante tantos meses esteve vazio, está agora cheio de atividade. Mas, ao mesmo tempo que a diversão impera, os riscos de acidente também se multiplicam. Estes são os cinco tipos de acidentes mais frequentes durante o verão. Conhecê-los é a melhor forma de os prevenir:

Acidentes em parques infantis: melhor tempo e mais horas de luz significam mais brincadeira no parque infantil. Que criança não gosta de brincar livre enquanto faz novos amigos? E de deslizar por um escorregão, baloiçar pendurada de barra em barra ou saltar de um baloiço quando este chega mais alto? As quedas são o tipo de acidente mais frequente. Numa tentativa natural de se proteger, a criança tende a cair com o braço esticado, originando uma das mais frequentes fraturas da criança: a fratura supracondiliana do úmero, que, muitas vezes, acaba por obrigar a uma intervenção cirúrgica. Os escorregas também não ficam de fora da lista de perigos: sabia que deslizar com uma criança no colo é uma das causas mais frequentes de fraturas nos ossos da perna de uma criança? Quando o pé fica preso na proteção lateral do escorrega, todo o peso (da criança e do adulto) vão forçar a tíbia, que acaba por partir. Como prevenir estas lesões? A conservação adequada dos equipamentos, feita durante todo o ano, e a utilização de acordo com as regras definidas para cada equipamento (nomeadamente para cada idade) são fundamentais. E, claro, a vigilância permanente por um adulto é obrigatória. Esta é, de todas, a medida preventiva mais eficaz.

Acidentes com bicicletas, patins e skates: estas são atividades que aumentam muito nos meses de verão. Das quedas podem resultar fraturas ósseas, contusões, feridas e traumatismos de crânio. Sabia que a utilização de um capacete pode reduzir os traumatismos cranianos em cerca de 85%? Além dos capacetes, os protetores de cotovelos, punhos e joelhos ajudam a evitar muitas lesões. E é importante lembrar: estes acessórios de proteção devem ser colocados antes de calçar os patins ou de subir para a bicicleta. Além destas simples medidas, estas atividades também devem ser evitadas em locais muito movimentados, à noite ou em locais com pouca iluminação.

Acidentes em piscinas: há maneira melhor de refrescar num dia quente de verão do que um banho de piscina? Sabia que, estatisticamente, a probabilidade de uma criança se afogar é maior numa piscina do que em qualquer curso de água natural? E que o afogamento é a primeira causa de morte acidental entre os 12 meses e os 4 anos de idade? A regra essencial é a vigilância! E quais são as outras regras? Isolar as piscinas com barreiras que impeçam a passagem de crianças, manter o perímetro da piscina livre de objetos que possam facilitar quedas e evitar mergulhos (pelo risco de traumatismos de crânio e fraturas da coluna cervical).

Acidentes em trampolins e insufláveis: Saltar num trampolim ou num insuflável deve ser das coisas mais divertidas de fazer num ameno dia de verão. Os trampolins tornaram-se, por isso, nos últimos anos, num dos “brinquedos” mais frequentes no espaço exterior de uma casa com crianças. Mas é também dos mais perigosos, sobretudo se estiverem duas crianças a partilhar o mesmo espaço. Três em cada quatro acidentes nesta atividade acontecem quando duas crianças embatem uma contra a outra. A prevenção destes acidentes começa por verificar que todos os componentes do equipamento estão em condições perfeitas. Depois, usar os trampolins e insufláveis apenas para saltar: manobras mais arriscadas (flips, mortais) são perigosas e implicam aprendizagem adequada. Nestes casos, a vigilância também deve ser constante!

Acidentes de automóvel: os acidentes de automóvel são a principal causa de morte e de incapacidade permanente em crianças com mais de 5 anos e adolescentes. Nos passeios de verão - e ao longo de todo o ano - é fundamental utilizar todos os meios de segurança rodoviária adequados a cada grupo etário: uma cadeira de transporte adequada reduz o risco de lesão em 71% em crianças no primeiro ano de vida e em 54% entre um e quatro anos de idade. Sabia que o lugar do meio no banco de trás de um automóvel é o lugar mais seguro (com cinto de segurança, claro) para crianças que já não necessitam de cadeirinha especial?

Em qualquer destes tipos de acidente, as lesões ortopédicas são muito frequentes.

E é importante saber que, em caso de lesão, deve procurar um ortopedista experiente no âmbito da saúde da criança e do adolescente. Os problemas e traumatismos durante a fase de crescimento são diferentes dos do adulto, o que exige um tratamento diferenciado por uma equipa dedicada à Ortopedia Infantil e do Adolescente.

Vamos fazer com que os bons dias das férias de verão não acabem interrompidos por um pequeno acidente ou uma grande tragédia: a prevenção é a melhor opção!

Um artigo do médico Nuno Alegrete, Coordenador da Unidade de Ortopedia da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Porto.