Um pequeno campo de linho foi instalado esta semana durante um mês e meio em frente à Câmara de Paris. O canto gravado de pássaros pode ser ouvido juntamente com os sons dos carros.

"Queremos mostrar aos parisienses que é uma fibra que cresce aos nossos pés e que as roupas que vemos nas semanas da moda vêm desta planta verde", comenta à AFP Marie-Emmanuelle Belzung, delegada geral da Confederação Europeia do Linho.

A Europa Ocidental é a maior produtora mundial de linho, 80% do qual é produzido em França. Fácil de manusear, não requer irrigação e com a fibra extraída mecanicamente sem produtos químicos, este material atende a critérios cada vez mais procurados pelos consumidores.

"Nunca vimos tanto linho" como nas últimas coleções, ressalta Belzung.

No início de 2020, Laetitia Casta desfilou vestindo um conjunto de bustier com saia de linho, cor natural, do estilista Jacquemus. Na sua última coleção, quase metade das silhuetas foram feitas de linho.

Para o verão de 2021, o tecido "destaca-se claramente com um salto de +102% nos looks em linho nas passerelles", segundo o último estudo da Tagwalk, um motor de busca de palavras-chave que analisa as coleções apresentadas nas quatro principais semanas da moda mundiais.

Entre os estilistas, 49% apresentaram pelo menos um look de linho na sua coleção, enquanto a Dior, Tom Browne, Fendi ou Louis Vuitton usam este material "significativamente".

Fendi traz vestidos midi e calças largas ultrafemininos, na Margiela, o linho aparece em smokings e vestidos de noiva em estilo gótico.

A inovação tecnológica dos últimos dez anos dificulta a identificação do linho em tecidos luxuosos e glamorosos com a adição de lurex ou glitter para enobrecê-lo ou em stretch que não enruga.

O linho pré-lavado dá às roupas "um cair, flexibilidade e movimento que antes não tinha", enfatiza Belzung.

A maior revolução é a possibilidade de fazer malhas de linho, cuja fibra forte antes quebrava as agulhas. Isso permite o fabrico de t-shirts em linho em todas as cores a preços acessíveis.

"O linho é cada vez mais vendido, está a ser integrado em todos os produtos", sublinha Valérie Chaleyssin, diretora de marketing da BHV Marais.

O linho, que atualmente representa apenas 0,4% das fibras têxteis, parece ter um futuro brilhante. E a oferta acompanha.

O grupo Depestele, maior produtor privado na Europa, "recolhe até 12.000 hectares de fibra de linho contra 5.000 hectares há 10 anos. É um avanço muito grande e vemos que há um interesse real neste material", declara à AFP Romain Depestele, responsável pela direção do grupo familiar.

"Os materiais produzidos localmente com pouca água num contexto ambiental mais exigente são hoje para o consumidor um elemento de luxo", confirma à AFP Olivier Gabet, diretor do museu de artes decorativas que inaugurou em outubro de 2020 a exposição "Luxes".

As paredes das salas desta mostra, que reabrirá no dia 19 de maio, estão cobertas por espessas metragens de linho dourado que serão recicladas em obras de arte.