Há perto de dois anos o The Avocado Show abria em Amesterdão, na Holanda, e foi notícia por esta Europa fora. A casa prometia e cumpria, com uma ementa completa em torno de um ingrediente comum a todos os pratos. Pelo apadrinhamento que recebeu o restaurante, não será difícil adivinhar a que alimento prestava tributo o menu. Nós facilitamos. Avocado verte para o português como Abacate.
Mafalda Leitão, viajante e empreendedora, ou se preferirmos, uma empreendedora viajante que, durante anos, geriu em Lisboa espaços comerciais dedicados à arquitetura, design e moda, incluiu no seu roteiro de viagens algumas horas no The Avocado Show.
Não sabemos se terá sido ali, nos Países Baixos, que germinou a ideia de trazer para a capital portuguesa o conceito. Certo é que neste verão de 2019, Mafalda Almeida e o sócio Rui Barata, abriram, orgulhosos, em Santos, um restaurante com carta inteiramente dedicada ao Abacate. Chama-se Avocado House e, convenhamos, sob o sol, céu e luminosidade de Lisboa, este fruto tropical faz melhor casamento do que sob o firmamento nimbado da Holanda.
Para a sua casa de comeres, Mafalda, uma estreante nas lides da restauração, trazia uma certeza: “não queria mais uma casa de abacate em tons de rosa”. Por oposição, a empreendedora, que recebe o SAPO Lifestyle à mesa, a mesma onde vai desfilar um rol de pratos de abacate, sabia bem o que queria para esta casa com o cuidado no design que colocou ao longo da sua vida nos espaços que geriu.
“Aqui, quis transmitir frescura, alegria e boa energia. Não queria uma cozinha sem sabor, nem tão pouco associar o restaurante a uma imagem de casa só para esta ou aquela tendência alimentar, como a cozinha vegetariana, vegana, crudívora. O que quis, à partida, é apresentar uma ementa eclética e inclusiva”.
Aliás, a palavra inclusão baila amiúde na conversa de Mafalda Leitão. “O restaurante tem uma vertente de inclusão social. Parte da equipa de sala é constituída por pessoas com diferentes graus de surdez”. Mafalda criou um livro com ilustrações que vem facilitar a comunicação entre clientes e funcionários. Pedir o menu, água ou solicitar que se embale a comida para levar para casa, são algumas das opções nos livrinhos de aspeto cuidado.
Uma atenção ao detalhe que Mafalda e Rui quiseram talhar na feição deste restaurante, outrora um espaço ocupado por uma farmácia. Não desmente na decoração a natureza da carta. Há abacates em profusão e com destaque num enorme painel, com perto de seis metros de comprimento e que corre todo o interior do restaurante da porta até bem próximo do pátio interior. Um painel de cor e motivo tropical com autoria da Oficina Marques.
Ainda no detalhe, o mobiliário é assinado pelo Cantinho do Vintage. “Tinha de ser confortável”, sublinha Mafalda. Quem se prestar a sobrevoar com os olhos esta Avocado House vai-lhe encontrar no teto a diversão de um grupo de macaquinhos em atribulações numa selva suspensa. Tudo em maqueta, claro, mas traz colorido à refeição.
Um colorido que Mafalda quer “instagramável”. Por isso pejou o seu restaurante de apontamentos para a fotografia e consequente partilha. Há algumas surpresas. Uma delas, nas portas das casas de banho, na esplanada interior, ou no grande frigorífico SMEG, à entrada do restaurante.
Um restaurante que é exigente nas quantidades de abacate a servirem uma carta com mais de três dezenas de opções em torno deste fruto exótico. “Utilizamos mais de 50 quilos de abacate por mês”, sublinha Mafalda. A proprietária da Avocado House testou e bisou durante meses os pratos que iria apresentar nos quase 50 lugares sentados, entre sala, esplanada e balcão. A nossa interlocutora não facilitou e incluiu o abacate em panquecas, ovos, tempuras, guacamole, hambúrgueres, tártaros, ceviches, sobremesas, bebidas.
Alguns exemplos? O “Forest Benedict” (para um brunch até às 18h00), com ovos escalfados, molho holandês com abacate, espinafres salteados, fiambre de peru fumado (8,30 euros); a “Avocado Pancake”, com geleia de abacate, bacon crocante, ovo frito e flores comestíveis (6,60 euros). Ainda das 9h00 até às 18h00, prove-se um “Avo Smoked”, com abacate, salmão fumado, endro, ovo escalfado, limão, salada de gaspacho (7,90 euros).
A não desmerecer o “Veggie Burguer”, com beterraba e quinoa com maionese spicy, pickles de cebola roxa pack choi, salada de gaspacho e chips de batata-doce. Pode, neste caso, pedir no pão de espinafres e caril (7,90 euros) ou no abacate (9,90 euros). A partir das 19h00 vai encontrar Tacos, e aqui, um rol de opções. À laia de exemplo, um “Chickchilly”, o mesmo é dizer frango braseado desfiado em guisado de tomate, cominhos, coentros e feijão (10,80 euros).
Há opções para crianças e um elenco de sobremesas onde prepondera…adivinhou? O Abacate com a “House Sweet”, uma mousse de chocolate vegan, com tâmaras, cacau, banana e abacate (4,60 euros), o “Cheesecake Avo”, com abacate, lima e leite condensado (4,80 euros).
Nos bebíveis, porque não bisarmos no abacate com um “Avo Gang”, com Bombay Sapphire, xarope de abacate, sumo de lima, puré de abacate (7,00 euros)? Para uma bebida mais encorpada, há a opção de quatro smoothies.
Mafalda é por estes dias uma mulher entusiasmada com o seu restaurante. Tem planos, quer, dentro em breve, abrir uma área de merchandising. Mostra-nos algumas t-shirts com a marca do restaurante estampada, “se é para fazer tem de ser com bom gosto”, acrescenta a empreendedora, apaixonada pela cozinha grega, turca e libanesa que não deixa o cliente sair desta sua casa na Rua da Esperança sem uma recordação. Com a conta chega um bónus, uma semente de abacate e as instruções para a plantar. Irá fortificar, mas pede paciência.
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