De portas encerradas há mais de 40 dias, para os restaurantes nacionais antevê-se uma possível reabertura a partir de 2 de maio, com o fim do atual estado de emergência. De momento, o Governo estuda o formato e regras para essa reabertura. Isto, em linha com a estratégia de regresso à normalidade possível de algumas atividades económicas, já anunciada por diferentes países do velho continente, nomeadamente Espanha, Itália e Áustria. Recorde-se que recentemente, a Comissão Europeia apresentou um roteiro com recomendações para uma estratégia comum de saída das medidas de restrição.
Como contributo para esta reflexão, a AHRESP, associação que representa dezenas de milhares de estabelecimentos à escala nacional, entregou a 28 de abril ao Executivo uma proposta de “Guia de boas práticas”.
Um guião que nasceu “após discussão com os empresários do setor de várias tipologias, realidades de estabelecimentos e regiões”, refere aquela entidade, que acrescenta: “tendo em conta as experiências internacionais decorridas até ao momento”.
A reorganização dos espaços; as regras de controlo de entrada; as regras de higiene pessoal; as regras de limpeza e desinfeção; os cuidados a ter na preparação e confeção de alimentos; menus e serviço, são alguns dos aspetos abordados no documento
Há, contudo, que salientar que estes procedimentos para reabertura dos estabelecimentos terão de ser validados pela Direção-Geral da Saúde, Autoridade para as Condições de Trabalho, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e pelo Turismo de Portugal.
Menus digitais e “mesa sim, mesas não”
Também a PRO.VAR, associação para a promoção, inovação e defesa do setor da restauração, veio a público, a 27 de abril, aplaudir, junto do Turismo de Portugal e do Governo, o anúncio da adoção do selo “Clean & Safe”, a adotar por todas as empresas do setor que cumpram e promovam boas práticas de higiene para prevenir a COVID-19.
A mesma associação pede que o selo de “Clean & Safe” seja “atribuído de imediato, de modo a estar disponível na reabertura dos espaços de Restauração, respeitando no período de mitigação da COVID-19”.
Aquela entidade sugere, ainda, o estabelecimento, entre outras, de regras para a reabertura:
Desta forma, de acordo com a PRO.VAR o uso de máscara e/ou viseira deve ser obrigatório, por parte dos trabalhadores do restaurante de acordo com a função que ocupa. Acresce a implementação de Testes COVID-19, com periodicidade de 15 dias para todos os funcionários e a redução da limitação máxima de cada espaço de restauração para metade “mesa sim, mesa não”,
O alargamento do período do almoço e jantar, a obrigação dos clientes marcarem previamente mesa e a leitura de temperatura e desinfeção das mãos, à entrada do estabelecimento, estão também entre as recomendações da PRO.VAR que, ainda, aconselha a eliminação temporária das ementas e cartas, estando apenas expostas em local visível, evitando-se o contacto físico (por exemplo com o uso de telemóveis ou tablets).
Sem contacto entre empregado e cliente
Uma nova realidade onde o contacto entre restaurantes e clientes será minimizado e em que o take away e entrega ao domicílio continuarão presentes. Neste âmbito, a Zomato, aplicação entregas de comida ao domicílio, veio anunciar novos serviços, com a possibilidade de encomendar em take away e sistema de pagamentos via contactless. Na prática, os dois serviços completam-se. Os utilizadores encomendam a refeição diretamente na aplicação e procedem também aí ao pagamento. Mais tarde, deslocam-se ao restaurante para levantar a refeição.
Já num cenário de regresso aos restaurantes, a Zomato Contactless propõe que reduzamos o contacto com objetos dentro dos estabelecimentos, lançando aos donos dos espaços o desafio de pensarem em soluções futuras como o menu digital (com scan do código QR por parte do cliente), o pedido digital (através da app) e, finalmente, o pagamento digital (também na app).
Fora de portas, as mesmas preocupações
Restrições, proibições, mas também novas oportunidades de relação entre restaurantes e clientes que estão a merecer análise mundo fora. Nos Estados Unidos da América onde a reabertura da economia tem sido tema quente nas últimas semanas, a gigante National Restaurant Association, deixou aos seus mais de 380 mil restaurantes associados, recomendações para uma relação futura com os clientes.
Um guia de “sobrevivência” que, em regra, não difere muito das propostas portuguesas e onde encontramos recomendações como sinalização à entrada do restaurante proibindo a entrada de clientes com febre ou sintomas da COVID-19, regras para evitar a concentração de clientes em salas de espera ou bares (com marcações no chão, espera nos carros), barreiras físicas, por exemplo delimitadas com móveis ou painéis de acrílico, circuitos delimitados para a utilização das casas de banho.
Comentários