![Irá o chef Tanka Sapkota encontrar em Portugal o tesouro dos bosques? A caça às trufas está a correr o país](/assets/img/blank.png)
Agraciado em Alba, em 2019, com o título de “Cavaleiro das Trufas Brancas” pela Ordem dos Cavaleiros do Tartufo de Alba, o chef Tanka Sapkota, de origem nepalesa, é o proprietário dos restaurantes Come Prima, Forno d’ Oro, o Il Mercato e Casa Nepalesa. Desde o início de janeiro deste ano Tanka Sapkota percorre várias zonas promissoras no território nacional, com a ajuda de Giovanni Longo, um caçador de trufas do Piemonte (Itália), e as suas duas cadelas pisteiras Lola e Laika.
“Receber o diploma de Alba representou para mim um grande orgulho, mas melhor ainda seria conseguir encontrar esta maravilhosa matéria prima em Portugal, ou conseguir cultivá-la, já que as condições existem. Há um trabalho de base, assente em dados científicos e geológicos, em parceria com o Ministério da Agricultura, Ministério do Ambiente, Instituto Superior de Agronomia e as Universidades de Évora, Coimbra e Lisboa. Acreditamos que a trufa pode ser um símbolo da valorização que um produto gastronómico pode fazer por uma região, a nível turístico e económico. E do que em Portugal também poderia ser feito em torno dos produtos icónicos de cada região”, defende Tanka Sapkota.
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“Alguns bosques que praticamente não têm aproveitamento económico, poderiam, por via desta descoberta, ser explorações de pleno direito, com retorno tão interessante como outras espécies silvícolas do país, como o sobreiro, o pinheiro ou o eucalipto. Se conseguíssemos chegar a esses níveis de rendimentos, estaríamos a conservar a natureza, e ao mesmo tempo, a dinamizar as economias locais.”, acrescenta Pedro Bingre do Amaral, Professor de Engenharia Florestal, Ambiente e Ordenamento no Instituto Politécnico de Coimbra.
A trufa é um cogumelo hipógeo, ou subterrâneo, que ocorre naturalmente junto às raízes de azinheiras, carvalhos e choupos, em solos alcalinos, de pH neutro, com altos índices de calcário e silicatos. Em Portugal, as trufas são tão raras que nunca foi identificado um ‘filão’ que desse origem a uma exploração sustentada, e é esse obstáculo que o chef Tanka tenta agora superar. Estão a ser quatro semanas de trabalho de campo, e todas as amostras serão enviadas para laboratório, para validação. A trufa branca é a mais rara e valiosa, mas também há trufas negras, vermelhas e de outras espécies. O Alentejo, por exemplo, é conhecido pelas suas “trufas do deserto”, ou túberas, que ocorrem mais em solos arenosos e ácidos (também se encontram na Beira Baixa e Beira Litoral).
Desde 1992 que o chef Tanka trabalha com este produto e o serve todos os anos aos seus clientes. Recorde-se que o chef nepalês conseguiu trazer para Portugal uma trufa branca de 1153 gramas, a maior da década na Europa, e uma das maiores da história. Para se ter uma noção, o valor de mercado da trufa branca está nos 7000 euros/kg, estando a trufa preta nos 1500 euros/kg.
Chegado a Portugal em 1996, depois de ter vivido e trabalhado na Alemanha e em Itália, Tanka Sapkota apaixonou-se e especializou-se na gastronomia italiana. Hoje, possui quatro restaurantes em Lisboa, onde serve comida de excelência.
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