
No evento, vão marcar presença nomes destes dois mundos, como Óscar Geadas, Virgílio Nogueiro Gomes, ambos de Bragança, Fernando Alvim ou Mário Augusto.
Com o tema “Carta Literária: Literatura, Cultura e Gastronomia”, o festival decorre até sábado, e vai espalhar-se pelo território, como já é hábito, pela biblioteca municipal, aldeias, escolas e pelas duas prisões do concelho, em Bragança e na vila de Izeda.
“Com este festival podemos demonstrar como é que a literatura preserva o património gastronómico e como é que a gastronomia pode enriquecer a escrita e desenvolver essa competência”, segundo Fernanda Vaz Silva, do município de Bragança, a cargo do evento, que considerou que a temática é “fora da caixa”.
O escritor e comunicador Fernando Alvim vai estar presente na quinta-feira. Sobre os dois temas, estabeleceu desde logo uma conexão: “Ninguém escreve com fome”.
“Isto é, escrevem, mas escrevem mal. Acho que as pessoas escrevem melhor se estiverem [mais bem] alimentadas. Depois, há muitos livros sobre gastronomia. Diria que os livros que, no momento atual, têm melhor design são os de gastronomia”, continuou Fernando Alvim.
Óscar Geadas, chef há mais de 20 anos e com trabalho distinguido pelo Guia Michelin, vai participar num dos momentos designados como “encontros literários e gastronómicos”, na sexta-feira.
“Não nos podemos esquecer que gastronomia é cultura. Na nossa região, em Bragança, temos provas dadas disso”, começou por explicar.
Geadas deu como exemplos produtos identitários transmontanos, como a alheira ou o butelo, antes conhecido como “enchido dos pobres”, feito com as partes menos nobres do porco.
“Isto é cultura: o conhecimento, passado de geração em geração, o saber fazer, as histórias culturais dos receituários típicos de cada região […]. A gastronomia e a cultura andam lado a lado ao longo dos séculos”, reforçou Óscar Geadas.
O gastrónomo Virgílio Nogueiro Gomes, autor de vários títulos, incluindo o mais recente “Novo dicionário da cozinha portuguesa”, inaugura no primeiro dia do festival a exposição “Mulheres na culinária portuguesa”.
À volta das palavras e os tachos, estará ainda a gastronomia presente na obra de Camilo Castelo Branco, com o livro da escritora Elzira Queiroga “À mesa com Camilo”.
Pelas cadeias de Bragança e de Izeda vai passar o projeto “A poesia não tem grades”, uma iniciativa de inclusão social que existe desde 2003 e que usa a escrita, a leitura e a experimentação artística.
A poesia vai estar, literalmente, em algumas mesas. Meia dúzia de restaurantes locais vão receber recitais, que só vão ser revelados em cima da hora, para surpreender os clientes desse dia.
Comentários