A estrongiloidíase apresenta uma evolução habitualmente crónica e assintomática, sendo a eosinofilia isolada, as alterações cutâneas e gastrointestinais, as manifestações mais frequentes.
O Strongyloides Stercoralis tem a capacidade única de se desenvolver até à idade adulta no solo e também no intestino humano e ao contrário de outros parasitas tem uma capacidade de autoinfeção, podendo originar doença crónica. É o único nemátode capaz de completar o seu ciclo de vida dentro do seu hospedeiro.
A transmissão ao ser humano ocorre através do contacto da pele com solo contaminado. As larvas filariformes acabam por atingir a circulação e migram para os pulmões, sendo disseminadas através da expetoração, podendo atingir também o tubo digestivo.
No intestino delgado, reproduzem-se e libertam os seus ovos, os quais eclodem em larvas rabditiformes, não infetantes, que são então expelidas através das fezes. O período entre o contágio até à libertação das larvas e início da sintomatologia varia entre 14 e 28 dias. No entanto, algumas das larvas rabditiformes, conseguem desenvolver-se para larvas filiformes ainda dentro do intestino e penetram a parede intestinal ou a pele perianal, reinfectando o doente. Graças à capacidade de autoinfeção, o parasita pode permanecer no mesmo hospedeiro indefinidamente, de forma assintomática em cerca de 60% dos casos clínicos ou com períodos de remissão (estrongiloidíase crónica).
A hiperinfeção por estrongiloides ou estrongiloidíase disseminada ocorre normalmente em doentes imunocomprometidos cronicamente infetados pelo parasita Strongyloides Stercoralis.
Estes doentes apresentam proliferação descontrolada de larvas com disseminação para órgãos como os pulmões, fígado e cérebro. A disseminação dos parasitas pode resultar num processo inflamatório significativo e disfunção de órgãos, podendo originar um choque séptico.
Um artigo de Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica.
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