O que é a catarata?
O cristalino é uma das duas lentes naturais que compõem a ótica do olho humano. Ambas modelam a luz / imagem do exterior, à sua passagem, para que possa ser percebida claramente na retina e transmitida ao cérebro sensorial. Esta lente encontra-se logo atrás da íris e é completamente transparente - daí o nome cristalino. Com a idade (ou em situações raras de desordem orgânica ou trauma) o conteúdo do cristalino vai perdendo a transparência que lhe é peculiar ficando baço. Quando a sua transparência é comprometida, o cristalino toma o nome de catarata.
A que sinais devemos estar atentos?
Os primeiros sinais de alerta da catarata são: a visão enevoada (com menos discernimento das imagens e perda da nitidez), e o encandeamento. O encandeamento acontece pelo efeito de dispersão da luz à passagem pelo cristalino, que agora catarata, deixou de ter a transparência necessária à visão perfeita. Quanto mais luz incidir no olho com catarata, mais dispersão haverá na sua passagem até à retina, (nessa passagem a luz é espelhada pelas opacidades como acontece quando queremos ver através duma janela empoeirada contra a luz).
Um acompanhamento regular pelo oftalmologista permite identificar a doença precocemente e consequentemente tratá-la o mais cedo possível evitando complicações.
Que impacto tem no nosso dia-a-dia?
Mesmo em estados iniciais todas as situações que impliquem observação de rigor e discernimento ou no baixo contraste (por exemplo, ao lusco-fusco), ficam comprometidas. É como se colocássemos um filtro à frente de um olho normal. E as tarefas que incluam lances ou momentos de enfrentar luz, tais como condução à noite ou em horas em que o sol está baixo, tornam-se perigosas (nesses momentos o encandeamento perturba completamente a visão).
Quando estes sinais e sintomas aparecem e se confirma que são da responsabilidade das cataratas, urge tomar a decisão cirúrgica.
A cirurgia é a única possibilidade de resolução do problema. Se o cristalino ficou baço, há que removê-lo, e retribuir a transparência ao sistema ótico do olho.
Em que consiste a cirurgia?
O ato cirúrgico decorre sob o efeito de anestesia tópica (gotas de anestésico na superfície ocular) e eventualmente pequena sedação. A técnica atual é a facoemulsificação que pelo uso de ultra-sons liquefaz a catarata e a aspira por uma pequeníssima abertura na córnea. Esta cirurgia minimamente invasiva é seguida da introdução de uma lente intra-ocular que substitui o efeito ótico focalizador do cristalino. A lente é previamente selecionada para cada caso, adequando-se o melhor possível às necessidades visuais habituais de cada pessoa. Nalguns casos até se pode preconizar a independência de óculos inclusivamente para perto (lentes multifocais).
A alta tecnologia e a experiência das equipes cirúrgicas permitem cirurgias cada vez mais céleres e sem necessidade de internamento. A vivência do doente da jornada cirúrgica não tem nada de desagradável, antes pelo contrário. O doente será sempre acompanhado por uma equipa de profissionais especializados que vão responder a todas as suas necessidades e esclarecer todas as dúvidas. Não deve, por isso, existir qualquer receio.
A cirurgia é realizada em ambiente de extrema segurança, com todas as medidas necessárias e onde tudo é controlado ao pormenor.
É fundamental que os doentes se aconselhem com o seu oftalmologista sobre o melhor tratamento cirúrgico para o seu caso, evitando que as suas dificuldades visuais se prolonguem e agravem.
Um artigo do médico Manuel Castro Neves, Coordenador de Oftalmologia do Instituto CUF Porto e Hospital CUF Porto.
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