O protesto foi curto, mas durante meia hora alunos daquela instituição da Universidade Nova de Lisboa ocuparam parte da Avenida de Berna com cartazes e gritos reivindicativos pedindo mais financiamento no ensino superior, menos propinas e melhores condições na faculdade.
As reivindicações são simples, explicou à Lusa um dos estudantes: “Mais espaço para estudar, melhor qualidade do ensino e maior responsabilização no que toca ao financiamento desse ensino”.
Para José Pinho, membro da direção da Associação de Estudantes da instituição (AEFCSH) que organizou a manifestação, a pandemia da covid-19 acentuou problemas antigos.
No caso particular da FCSH, um dos principais problemas é a falta de espaço para estudar dentro da faculdade, algo que há muito merece contestação por parte dos alunos mas que se agravou este ano letivo.
“A faculdade encerrou a grande maioria dos espaços que os estudantes tinham para estudar, adotando uma política de os estudantes vêm cá só para ter aulas e depois têm de ir para casa”, explicou José Pinho, sublinhando que o problema é sobretudo preocupante para os alunos que não têm condições para estudar em casa.
Segundo o membro da AEFCSH, as salas de estudo foram encerradas em três dos quatro blocos da faculdade e a única que se mantém ativa funciona com um horário reduzido.
Por outro lado, também não é permitida a permanência noutros espaços que antes eram habitualmente utilizados pelos alunos para estudar ou realizar trabalhos de grupo, como o refeitório.
“Essa possibilidade tem sido cortada e dizem aos estudantes que não podem estudar lá e que não podem ter lá o computador mesmo que estejam a comer porque aquilo não é espaço para estudar”, relatou José Pinho, acrescentando que a AEFCSH já recebeu várias queixas de alunos que foram expulsos do refeitório por estarem a utilizar o espaço para estudar, mesmo fora do horário de almoços.
Os alunos da FCSH deixam também críticas relacionadas com o funcionamento das aulas, que estão a decorrer numa espécie de regime de ensino misto, em que metade da turma tem aulas presenciais e a outra metade está em casa, trocando a cada semana.
No entanto, essa divisão criou problemas associados à distribuição de horários e à organização das turmas, com alunos que ao fim de um mês de aulas ainda não têm disciplinas ou sub-turmas atribuídas.
“A faculdade fez esta opção também pela falta de espaço que já era grave quando estavam cá todos”, refere José Pinho, relatando mais uma vez diversas queixas recebidas na associação de estudantes, relacionadas com o acesso às aulas online.
“Na construção dos horários, há alunos que têm aulas aqui [presencialmente] que terminam às 16:00 e a essa hora iniciam uma aula online. Ora bem, se eles não têm espaço aqui para ver as aulas, onde é que as vão ver, se não morarem a dois minutos da faculdade?”, questionou.
Além dos problemas particulares da faculdade, os cerca de 50 estudantes protestaram também contra o valor das propinas, a falta de condições de alojamento e aquilo que consideram ser uma proposta de Orçamento do Estado para 2021 insuficiente.
Depois do protesto de hoje, a AEFCSH está a preparar uma concentração em frente à Assembleia da República em 18 de novembro, com o apoio das associações de estudantes das faculdades de Letras e Direito da Universidade de Lisboa e da Associação Académica da Universidade de Lisboa.
"Enquanto estudantes, unimo-nos para afirmar que não seremos complacentes face à aprovação de mais um Orçamento do Estado que não apresente soluções de fundo para problemas estruturais e pouco ou nada faz face às questões prementes colocadas pela pandemia", lê-se no manifesto subscrito pelas quatro associações.
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