Em entrevista exclusiva ao Healthnews, a psicóloga Olga Cunha, presidente da Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior (na imagem, a primeira à esquerda), explica que a Semana da Saúde Mental na NOVA FCSH visa sensibilizar para a importância do tema através de atividades interdisciplinares, promovendo o diálogo e a literacia em saúde mental. O objetivo é criar uma cultura de apoio e inclusão, integrando a saúde mental como prioridade no dia a dia académico.
Healthnews (HN) – Qual a importância de realizar uma semana dedicada à saúde mental no contexto do ensino superior?
Olga Cunha (OC) – A saúde mental é um dos pilares fundamentais para o sucesso académico e pessoal dos estudantes no ensino superior. Organizar uma semana dedicada à saúde mental permite sensibilizar a comunidade académica para a importância deste tema, promovendo a discussão aberta sobre desafios e soluções. No contexto do ensino superior, onde os estudantes enfrentam pressões académicas, sociais e emocionais, esta iniciativa oferece um espaço crucial para promover a literacia em saúde mental, desmistificar tabus e incentivar o uso dos serviços de apoio disponíveis.
HN – Quais são os principais objetivos e metas desta iniciativa?
OC – Com a Semana da Saúde Mental queremos sobretudo envolver a comunidade. Porque a Saúde Mental não se faz “para” faz-se “com”. Precisamos da visão e do contributo de todos para que Saúde Mental se discuta na promoção e não no tratamento. Queremos ainda, com a associação à NOVA Medical School, promover o diálogo interdisciplinar sobre a saúde mental, integrando perspetivas das humanidades, artes e medicina. Vamos ainda oferecer ferramentas práticas para lidar com questões de saúde mental, através de workshops e sessões especializadas relacionadas com o teatro, a música, o yoga, a alimentação, entre outros. Acima de tudo queremos fomentar a criação de uma cultura de apoio e inclusão na faculdade, integrando a saúde mental como uma prioridade no dia a dia académico.Que tipo de atividades estão previstas ao longo da semana? Poderia destacar algumas?
OC – A Semana da Saúde Mental inclui uma variedade de atividades interdisciplinares e práticas, como uma mesa-redonda sobre Saúde Mental no Ensino Superior, com especialistas, mas também com estudantes e elementos ligados aos Recursos Humanos. Nesta discussão, aberta a todos, vamos abordar os desafios da saúde mental neste contexto. Temos ainda workshops práticos sobre temas como higiene do sono, alimentação equilibrada, musicoterapia e escrita criativa, que oferecem ferramentas úteis para a gestão do bem-estar diário. Outra atividade que é relevante é o 1.º Encontro Nacional da Federação Portuguesa de Psicoterapia (FEPSI), dedicado ao tema “Identidade e Idoneidade da Psicoterapia na Saúde Mental”, é outro destaque, refletindo a colaboração entre a academia e os profissionais de saúde mental.
HN – De que forma a semana da saúde mental na NOVA FCSH se insere nos esforços mais amplos da faculdade de promover o bem-estar dos estudantes?
OC – A Semana da Saúde Mental é parte de um compromisso contínuo da NOVA FCSH com o bem-estar da sua comunidade académica. Além desta semana temática que vai na segunda edição, a faculdade oferece, durante todo o ano letivo, apoio especializado através do Serviço de Psicologia, Inclusão e Igualdade – PsII+, que organiza programas específicos para cada ciclo de estudos. Estas iniciativas, que incluem o suporte psicológico, a promoção da inclusão e a igualdade, reforçam a dedicação da NOVA FCSH no desenvolvimento integral dos seus estudantes, contribuindo para o sucesso académico e para a construção de uma identidade pessoal e profissional saudável.
HN – Na sua opinião, qual tem sido o impacto de iniciativas como esta para quebrar tabus e promover uma cultura de saúde mental no meio académico?
OC – Iniciativas como a Semana da Saúde Mental têm tido um impacto significativo na normalização do tema, promovendo uma literacia positiva sobre saúde mental em toda a comunidade académica. Ao desmistificar este assunto, reforça-se que a saúde mental não se limita à ausência de doenças, mas envolve o bem-estar integral e deve ser trabalhada de forma contínua, transversal e complementar ao currículo académico. A mudança de paradigma tem sido visível: se antes o tema era dinamizado essencialmente pelo Serviço de Psicologia, hoje são vários os gabinetes e pessoas da faculdade envolvidos, criando uma cultura de responsabilidade partilhada e de envolvimento de toda a comunidade. É fundamental que a saúde mental seja pertença de toda a comunidade.
HN – Que outros projetos e ações a NOVA FCSH desenvolve ao longo do ano com foco na saúde mental da comunidade académica?
OC – Ao longo do ano, a NOVA FCSH promove várias iniciativas direcionadas a toda a comunidade académica — estudantes, docentes, funcionários e investigadores. Muitas dessas ações são transversais, como as Jornadas de Saúde Mental, realizadas em colaboração com a Associação de Estudantes, abordando temas como ansiedade, desporto, redes sociais, saúde sexual e reprodutiva. Destacam-se também os workshops sobre sono, prevenção da violência, inclusão e diversidade, e programas específicos como o “Cheguei ao Ensino Superior e Agora”, para estudantes do 1.º ano, e o “Programa de Gestão Emocional para Doutorandos: Os últimos Km de uma maratona”. Para os docentes, há formações em parceria com o Instituto Politécnico de Setúbal sobre inclusão e necessidades educativas especiais. Já para os funcionários, existe o programa “Encontros às sextas”, que há dois anos permite, uma vez por mês, a participação em sessões focadas na gestão de stress, ansiedade e outros temas relevantes para a saúde mental. Além destas iniciativas, o Serviço de Psicologia, Inclusão e Igualdade – PsII+ mantém-se disponível ao longo de todo o ano, apoiando toda a comunidade.
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