Marcelo Rebelo de Sousa deixou este alerta numa conversa com o seu homólogo angolano, João Lourenço, por videoconferência, transmitida hoje na quarta edição do Fórum Euro-África.
"Se tudo correr bem, daqui a um ano ou menos de um ano estaremos a discutir cada vez mais o pós-pandemia. E é esse o grande desafio de quem está a participar neste fórum hoje: não se esquecer de que é preciso superar bem a pandemia, não podemos ter recaídas", afirmou.
"Não podemos ter recaídas, seriam fatais", reforçou.
O chefe de Estado considerou que "não se pode perder tempo" na recuperação económica e social e que essa "é uma das lições da pandemia" de covid-19.
"Para recuperarmos e darmos um salto qualitativo, na transição da energia, na transição do digital, nas formas de financiamento do futuro económico a curto prazo, em novos estatutos e novas formas de investimento – e aí a imaginação dos empresários, da sociedade civil é crucial – não se pode perder tempo", disse.
No início desta conversa com o Presidente de Angola, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que "boa parte do mundo ainda está em pandemia", o que apontou como "uma questão prévia fundamental quando se fala de desenvolvimento económico, desenvolvimento social", que "muitas vezes se não compreende, sobretudo na Europa".
"Em muitos países europeus, nomeadamente do Leste europeu, em muitos países africanos, asiáticos, americanos, nomeadamente latino-americanos, a pandemia existe. Existe e condiciona o arranque económico, o arranque social", referiu, acrescentando mais à frente: "Hoje ainda estamos a discutir esta realidade, porque ela está aí".
Dirigindo-se aos "empresários, gente do mundo do trabalho, responsáveis públicos" participantes neste fórum, o Presidente da República chamou a atenção para "o atraso na recuperação de grandes economias", como a República Popular da China, "que está a produzir para o mercado interno, mas ainda não está a exportar o que exportava", os Estados Unidos da América "vários países e economias importantes na Europa".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "isso que está a ocorrer, e está a ocorrer um pouco por todo o mundo, tem a ver com o facilitar-se, considerar-se que o problema da pandemia está ultrapassado".
Por outro lado, no plano da saúde pública, no seu entender "não se pode facilitar na testagem".
"Para o funcionamento das escolas, para o funcionamento da atividade económica, para certas reuniões mais amplas às vezes familiares ou outras de natureza socioprofissional ou social, a prática da testagem – naturalmente não da forma intensiva com que aconteceu em fases anteriores – é muito importante, para irmos monitorizando a evolução da situação", defendeu.
A covid-19 provocou mais de quatro milhões e 900 mil mortes em todo o mundo, entre mais de 241 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência de notícias France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram mais de 18 mil pessoas com covid-19 e foram contabilizados até agora mais de um milhão de casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).
O Fórum Euro-África é organizado pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, associação sem fins lucrativos constituída em dezembro de 2012, com o alto patrocínio do anterior Presidente da República, Cavaco Silva, destinada a institucionalizar uma rede de contactos entre portugueses e lusodescendentes residentes no estrangeiro, com posições de destaque.
Esta associação tem como presidente honorário o Presidente da República e como vice-presidente honorário o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. O antigo primeiro-ministro português Durão Barroso preside à Mesa do Conselho da Diáspora.
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