"Tendo em conta a urgência, e que estamos a combater um inimigo muito perigoso, surpreende-nos que a resposta não tenha sido a esperada, pelo que pedimos à comunidade internacional que o leve muito a sério", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na conferência diária do organismo sobre a epidemia.
O médico etíope sublinhou que, “graças às medidas tomadas pela China, o número de pessoas afetadas no resto do mundo continua baixo, mas isso não significa que vai ser sempre assim”.
“Temos de aproveitar o momento presente, em que o vírus ainda é controlável", sublinhou, alertando: "se não agirmos agora poderemos enfrentar um grave problema”.
No passado dia 05 de fevereiro, a OMS lançou uma petição internacional para angariar 675 milhões de dólares (613 milhões de euros) para financiar as suas operações face à epidemia e para financiar sistemas de prevenção do coronavírus em países com sistemas de saúde fracos.
Tedros Adhanom Ghebreyesus adiantou na conferência que a equipa da OMS, que está desde a semana passada a trabalhar na China para investigar a origem da doença, é composta por especialistas de centros de investigação com sede na Rússia, Estados Unidos, Singapura, Japão, Coreia do Sul, Nigéria e Alemanha.
Anunciou ainda que, desde quarta-feira, será realizado semanalmente o chamado Conselho de Segurança da Saúde da OMS, em que ele e os diretores regionais da OMS se reunirão para analisar e coordenar uma resposta contra a epidemia.
A OMS espera ter dentro de cerca de três semanas os resultados dos ensaios clínicos de dois tratamentos para doentes do Covid-19, que os centros de investigação chineses estão a realizar e para os quais a organização priorizou outros estudos.
Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora
Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.
O número de mortos devido ao novo coronavírus subiu hoje para 2.118 na China continental, no dia em que foi registado o menor aumento diário de novos casos de infeção em quase um mês, de 394.
O número de pacientes fixou-se em 74.576. No entanto, o número de novos casos diários é o menor desde 25 de janeiro.
Por outro lado, a província de Hubei, cuja capital Wuhan é o centro do surto, registou 108 novas mortes e 349 novos casos de infeção. Só Wuhan registou a maioria das vítimas mortais, 1.585, e dos casos de infeção, 45.027.
Várias cidades na zona estão em quarentena desde 23 de janeiro passado, numa medida que afeta cerca de 60 milhões de pessoas.
Globalmente, o vírus já infetou mais de 75 mil pessoas.
Além dos 2.118 mortos na China continental, morreram duas pessoas na região chinesa de Hong Kong, duas no Irão, uma nas Filipinas, uma no Japão, uma em França, uma na Coreia do Sul e uma em Taiwan.
O que são coronavírus?
São uma larga família de vírus que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos mamíferos) e que no ser humano normalmente causam doenças respiratórias, desde uma comum constipação até a casos mais graves, como pneumonias. Os coronavírus podem transmitir-se entre animais e pessoas. A maioria das estirpes de coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infetar seres humanos. Aliás, até agora, apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares existentes é que passaram a barreira das espécies e atingiram pessoas.
Qual o modo de transmissão do novo coronavírus?
Os animais são a fonte primária de transmissão, mas já está confirmada a transmissão entre seres humanos. Ainda não há informação suficiente sobre as formas exatas de transmissão entre humanos. O vírus parece ser transmitido por via respiratória, através da tosse ou secreções de pessoas infetadas.
O período de incubação está estimado entre dois a 12 dias, podendo ir até 14 dias. Há indicação de que pode haver transmissão do vírus mesmo antes de os sintomas se manifestarem.
Quais os sintomas?
Os principais sintomas são respiratórios e podem ser comuns ou semelhantes a uma gripe: febre, tosse, dificuldade respiratória, dores musculares e cansaço. Há doentes que desenvolvem pneumonia viral e até septicemia.
Há grupos de maior risco?
Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pelo coronavírus. Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infetadas. As autoridades destacam contudo que não há ainda informações suficientes para definir as pessoas atacadas de modo mais severo.
Um estudo hoje divulgado pelo Centro Chinês de Controlo de Doenças indica que 80% dos casos da infeção são ligeiros, que apenas 4,7% são considerados críticos e que as pessoas idosas ou com problemas de saúde prévios à infeção são as que correm mais riscos.
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