“Estimámos que entre 01 de dezembro de 2020 e 07 de fevereiro de 2021 tivessem circulado já em Portugal mais de 120 mil SARS-CoV-2 com o padrão de mutações associado à variante do Reino Unido”, explicou o microbiologista na reunião que decorre no Infarmed (Lisboa) entre especialistas e políticos para a análise da evolução da pandemia de covid-19.

Para João Paulo Gomes, as medidas de restrição da pandemia atualmente em vigor levaram ainda a uma quebra na propagação desta variante no país, não confirmando as piores projeções traçadas na anterior reunião no Infarmed, em 12 de janeiro, quando a prevalência desta variante rondaria ainda apenas os 8%.

“Fizemos projeções que apontavam que para o domingo da próxima semana teríamos 65% dos casos de covid-19 em Portugal causados por esta variante. Como podem ver, desviámo-nos completamente da curva projetada na altura. Deixámos de ter um crescimento exponencial”, realçou o investigador, indicando que os casos associados a esta variante apresentam 20 vezes mais carga viral em relação às outras variantes.

Paralelamente, o investigador do INSA enalteceu as “boas notícias” ao nível da evolução “muito favorável” da prevalência da variante detetada no Reino Unido na região de Lisboa e Vale do Tejo. Com efeito, João Paulo Gomes notou que esta variante chegou a atingir um crescimento de 92% em determinado período e que a nível nacional se situa agora nos 19%.

A apresentação de João Paulo Gomes contou também com uma análise específica da segunda semana de janeiro, na qual, segundo os dados indicados, 16% dos casos de covid-19 estavam associados à variante do Reino Unido, tinham sido detetados dois casos com a variante com origem na África do Sul e registava-se uma surpreendente prevalência de 6,8% de uma mutação associada à ‘variante da Califórnia’.

“Não estávamos à espera deste resultado. Estaremos atentos para perceber se ela continuará a disseminar-se. Vamos reforçar a vigilância”, sintetizou.

Em Portugal, morreram 14.354 pessoas dos 767.919 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.