Ao longo dos anos, o motor de busca Google tem-se tornado num aliado de qualquer pesquisa e a internet tem sido uma das maiores fontes de informação sobre saúde durante estes últimos meses de pandemia. Ainda assim, vários estudos comprovam que a informação disponível é muitas vezes incorreta e proveniente de fontes pouco credíveis.
A propósito do Dia Mundial da Internet Mais Segura, que se assinala esta terça-feira (8 de fevereiro), a Campanha “Olhe Pelas Suas Costas” alerta para a importância de procurar informação sobre saúde junto de fontes seguras e cientificamente validadas, para combater mitos e medos infundados.
“O recurso ao ‘Dr. Google’ é cada vez mais comum, mas importa saber como filtrar a informação que nos é apresentada. Muitas são as vezes em que nos chegam doentes ao consultório com autodiagnósticos ou soluções de tratamentos baseados no que leram ou viram na internet. Não quer isto dizer que seja incorreto pesquisar na internet, até porque é importante promover a literacia em saúde, mas deve-se procurar fontes credíveis. É importante que se perceba se os sites contêm conteúdos criados por profissionais de saúde, são especializados e pertencem a instituições ou sociedades cientificas que conhecemos e às quais atribuímos credibilidade", alerta Bruno Santiago, neurocirurgião e coordenador da campanha nacional “Olhe pelas Suas Costas”.
De acordo com um estudo americano que avaliou a utilização da internet por doentes antes de uma intervenção à coluna lombar, cerca de 2/3 dos doentes realizaram pesquisas na internet sobre o procedimento.
"Verificámos que 92,9% dos sites avaliados apresentavam informações inadequadas, sugerindo baixo nível de confiabilidade" pode ler-se nas conclusões do mesmo estudo.
Segundo outro estudo, dos cerca de 600 sites visitados de entre os mais de cinco milhões disponíveis em língua inglesa, apenas 3% obtiveram uma pontuação global de “excelente”.
O estudo conclui ainda que "a procura por informação médica na Internet é demorada e muitas vezes dececionante. A Internet é uma fonte de informação potencialmente enganosa”. Ainda assim, os autores consideram que os profissionais de saúde devem “utilizar a Internet como um aliado para fornecer informações ideais aos pacientes".
A Campanha “Olhe pelas Suas Costas” é um dos exemplos de sites e redes sociais em Portugal onde pode encontrar informação simplificada, mas cientificamente validada, sobre cuidados de saúde e prevenção de problemas como os da coluna vertebral, que são a principal causa de anos vividos com incapacidade no Mundo.
Um dos objetivos é evitar a disseminação de mitos e desinformação sobre as dores nas costas. "Um exemplo concreto com o qual lidamos muitas vezes diz respeito à cirurgia da coluna. Há quem recorra à consulta com preconceitos e até com 'medo' da possibilidade de ter de ser operado. A verdade é que a grande maioria das dores nas costas não são tratadas com recurso à cirurgia. No entanto, quando esta é realmente necessária, trata-se de uma solução segura nos dias que correm", explica Bruno Santiago.
“O risco de complicações graves após a cirurgia, como a dificuldade em andar, por exemplo, é ínfimo. A existência de novas técnicas cirúrgicas menos invasivas, uma geração de médicos bem treinados e a inovação tecnológica têm ajudado a reduzir complicações, aumentando a segurança do procedimento e permitindo que, muitas vezes, o doente receba alta nas primeiras 24 horas”, acrescenta.
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