Em comunicado, a faculdade esclarece que o protocolo, celebrado com a Organização Não Governamental de Cooperação para o Desenvolvimento (ONGD), pretende assegurar um “melhor acesso a cuidados de saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil de qualidade”.
O protocolo, que entrou em vigor este ano no âmbito do projeto PIMI (Programa Integrado para a Redução da Mortalidade Materna e Infantil) III, formaliza a cooperação entre as duas entidades no “desenvolvimento de atividades de assistência clínica, capacitação de profissionais de saúde e investigação” na Guiné-Bissau.
O projeto irá abranger mais de 343 mil crianças até aos 5 anos e cerca de 450 mil mulheres em idade fértil, beneficiando também 1.500 profissionais de saúde das regiões abrangidas e 133 estruturas do sistema de saúde guineense, como centros de saúde, hospitais regionais e o Hospital Nacional Simão Mendes.
Citada no comunicado, a coordenadora clínica do projeto e professora da FMUP, Ana Reynolds, diz ser “gratificante poder contribuir” para a redução da taxa de mortalidade materna e das crianças com menos de 5 anos daquele país.
“A principal missão de um médico é melhorar a saúde das pessoas e salvar vidas”, destaca a médica especialista em Ginecologia-Obstetrícia, acrescentando que o objetivo do projeto é também “capacitar as autoridades locais responsáveis pela gestão e administração do sistema de saúde”.
“Pretende-se também o reforço da aquisição e distribuição de consumíveis e medicamentos essenciais, como medicamentos para a malária, entre muitos outros”, acrescenta Ana Reynolds, lembrando que apesar da evolução sentida no terreno, fruto da implementação dos projetos PIMI I (2013-2015) e PIMI II (2015-2017), “há passos que ainda não foram dados”.
“Construir uma estrutura demora muito, não é só ter salas. É ter saneamento básico e água potável, é ter oxigénio, é ter medicamentos, é ter esterilização, instrumentos cirúrgicos, é ter profissionais de saúde capacitados nas áreas de intervenção. Os resultados do PIMI foram tão positivos que houve esta continuidade até aos dias de hoje, mas ainda há muito para fazer”, observa.
O projeto, que será implementado em todas as regiões da Guiné-Bissau, é financiado pela União Europeia, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo projeto Saúde de Bandim em parceria com o Ministério da Saúde Pública da Guiné-Bissau.
Para além de Ana Reynolds, a equipa clínica inclui uma médica guineense, uma enfermeira portuguesa especialista em saúde pública, uma equipa de profissionais de saúde com 11 médicos, nove parteiras e 15 enfermeiros e um obstetra cubano.
A redução da mortalidade materna “é um grande desafio a nível global”, destaca a FMUP, notando que, em 2012, a taxa de mortalidade materna na Guiné-Bissau “rondava as 1.000 mortes por cada 100 mil nascimentos”.
Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável fixaram como objetivo a redução para 70 mortes por cada 100 mil nados vivos e que o dobro dessa meta não seja ultrapassada em nenhum país.
“A redução da taxa de mortalidade materna continua a representar um enorme desafio”, destaca Ana Reynolds, defendendo ser preciso “fazer um esforço para entender as causas e contribuir para inverter a situação”.
O projeto PIMI - Programa Integrado para a Redução da Mortalidade Materna e Infantil arrancou em 2013, fruto de uma colaboração entre a União Europeia, Instituto Camões, IMVF e UNICEF, com o objetivo de contribuir para a redução da mortalidade materna, neonatal e infantil nas regiões sanitárias de Cacheu, Biombo, Oio e Farim.
O PIMI III (2023-2025), sucede-se assim ao PIMI I, que decorreu entre 2013 e 2015, e ao PIMI II, entre 2015 e 2017.
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