“Devido à pandemia e esta situação, muitas pessoas não podem sair de casa, estão em quarentena, estão presos, entre aspas, em casa e isto provavelmente influencia residentes de Macau que não são só idosos, mas também os jovens e provavelmente para essas pessoas, os meios de recurso são poucos e daí que ficarão numa situação oculta”, começou por dizer Kwok Wai Tak, chefe substituto dos Serviços de Psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário, hospital público de Macau.
“Por conseguinte, são todas essas razões que resultam em problemas de saúde mental, dando lugar assim ao aumento de casos de suicídio”, continuou.
Kwok Wai Tak falava na Assembleia Legislativa, na sequência de uma interpelação do deputado português José Pereira Coutinho, que notou que “de julho a setembro de 2022 ocorreram 18 suicídios”.
Segundo o deputado, houve um total de 65 suicídios desde o início do ano, mais do que em todo o ano passado.
Nos últimos três anos, continuou Pereira Coutinho, “a qualidade de vida da maioria dos residentes piorou, devido às medidas de isolamento social internas e externas, resultando no aumento do desemprego e suicídios”.
Outros deputados mostraram-se preocupados com os números, nomeadamente Angela Leong On Kei, que questionou o executivo se este vai “melhorar os atuais sistemas ou mecanismos no sentido de melhor proteger a saúde mental dos residentes”.
Leong Sun Iok lembrou o Governo que, para os “empregados de idade média avançada é difícil encontrar trabalho no mercado”, e que os “trabalhadores que foram despedidos por empresas de grande envergadura não conseguem ser contratados pelo mesmo setor”.
Admitindo ser esta uma “matéria de preocupação”, o deputado Kou Kam Fai, lembrou que “no inicio do ano letivo houve vários casos de tentativas de suicídio de alunos”.
No debate de hoje, o Governo admitiu ainda a “falta de psicólogos, psiquiatras ou até conselheiros” em Macau. E mais: “Os trabalhadores da área da saúde mental já têm uma certa idade e muito provavelmente em breve trecho vamos ver uma grande saída de trabalhadores dessa área devido à aposentação”, disse Kwok Wai Tak.
“Já cheguei a discutir com o diretor e outros responsáveis por forma a recrutar mais trabalhadores para a área da saúde mental e estamos agora a envidar todos os esforços esperando trazer boas noticias muito em breve”, completou.
Macau segue a política chinesa de ‘zero covid’, apostando em testagens em massa, confinamentos de zonas de risco e quarentenas de cinco dias para quem chega ao território — com exceção de quem vem da China continental.
O território, que registou desde o início da pandemia seis mortes e mais de 2.700 casos, implementou medidas de prevenção mais rígidas do que a vizinha Hong Kong, com mais de dois milhões de infeções e 10.806 mortes, de acordo com dados divulgados pela Universidade Johns Hopkins.
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