“Dos resultados que já nos vieram de 2020 – dados preliminares -, cerca de 76,5% destas mulheres tinham comorbilidade pesada”, afirmou Graça Freitas numa audição na Comissão de Saúde requerida pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda sobre a mortalidade materna em Portugal.
Há cinco anos, a taxa de mortalidade materna foi de 12,8 por 100.000 nascimentos, em 2018 de 17,2, em 2019 de 10,4, chegando em 2020 aos 20,1, o valor mais alto dos últimos 38 anos.
Perante os deputados, a diretora-geral adiantou ainda que os dados provisórios de 2020 apontam também para que as mulheres que vieram a falecer “tendem a ser mais velhas”, com 52,9% das mortes a ocorrerem acima dos 35 anos.
“Há aqui um envelhecimento da idade da gravidez que é mais notório nas mulheres que morreram”, disse Graça Freitas, ao considerar ainda que alguns casos necessitam de “ser bem investigados”, porque poderão ter outras causas, mesmo ocorrendo durante o período de definição de morte materna.
A mortalidade materna pode ocorrer durante qualquer momento da gravidez, durante o parto ou nos 42 dias seguintes ao parto.
“Estamos de facto preocupados e faremos tudo para perceber o que se está a passar”, salientou Graça Freitas, para quem é necessário fazer uma análise de séries de cinco anos, tendo em conta a reduzida dimensão dos números sobre a mortalidade materna.
De acordo com Graça Freitas, a partir de 2016, com entrada em “velocidade de cruzeiro” de um sistema informático de certificados de óbito, foi possível à DGS saber, a todo o momento, quando uma morte ocorreu.
“Até 2016, tínhamos um cálculo subnotificado certamente da mortalidade materna e, a partir de 2016, essa subnotificação ter-se-á tornado muito mais difícil, por via destes automatismos que foram criados”, assegurou a diretora-geral da Saúde.
Segundo disse, uma morte materna é imediatamente identificada através de um alerta, que permite rapidamente avançar para o primeiro patamar de uma investigação epidemiológica para obtenção de informação complementar ao certificado de óbito.
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