Em Portugal, aproximadamente 1 em cada 3 pessoas é alérgica, cerca de 7% sofre de asma e 25% de rinite. A prevalência da rinoconjuntivite alérgica em Portugal é de 18%. A asma e a rinite coexistem muitas vezes no mesmo doente, sendo que 80% dos asmáticos têm rinite e 40% dos doentes com rinite têm asma.
Existem cerca de 175 000 crianças/adolescentes asmáticas em Portugal (8,4% das crianças têm asma), sendo a tosse o sintoma mais frequente.
Cerca de 15% das doenças alérgicas afetam a pele. As alergias alimentares constituem uma parte significativa do aumento das alergias. Desconhece-se a prevalência exata da alergia alimentar e maioria das reações adversas a alimentos não são verdadeiras alergias alimentares mas estima-se que a alergia alimentar afeta 6 a 8% das crianças e 2 a 4% dos adultos.
O ambiente e o estilo de vida
O aumento das doenças alérgicas, particularmente no mundo ocidental, está relacionado com o estilo de vida e com as modificações ambientais. A diminuição do número de infeções na infância, decorrentes da vacinação e da melhoria das condições sanitárias, conduz a um desvio da resposta do sistema imunitário contra alergénios do meio ambiente.
Por outro lado, uma alimentação rica em gorduras e à base de alimentos altamente processados, a exposição ao fumo de tabaco e a poluição sejam fatores determinantes para o aparecimento de alergias. A genética é um fator de risco importante no aparecimento das doenças alérgicas. Há uma tendência para a existência de doenças alérgicas na mesma família.
As alergias identificam-se pelos sintomas ou manifestações clínicas e diagnosticam-se através dos testes cutâneos. Quando falamos de alergias, pensamos em espirros, nariz a pingar, comichão no nariz, nos olhos, na garganta ou nos ouvidos, olhos vermelhos, tosse ou reações na pele. As doenças alérgicas respiratórias mais comuns são a rinite, a conjuntivite e a asma, que surgem muitas vezes progressivamente ou simultaneamente na mesma pessoa, e por vezes associada a manifestações cutâneas, como o eczema.
Na alergia há uma resposta exagerada do corpo a determinadas substâncias (alergénios) que interpreta como perigosas e desenvolve anticorpos especiais para se defender, desencadeando-se então um processo inflamatório que se pode manifestar de várias formas e em qualquer parte do corpo (rinite, conjuntivite e/ou asma).
Os sintomas de alergia podem surgir em qualquer altura do ano, se o doente estiver exposto ao alergénio, ao qual é alérgico. No entanto, existem duas alturas do ano em que são mais frequentes, que é na primavera para os doentes alérgicos aos pólenes e no outono/inverno para os doentes alérgicos aos ácaros do pó.
As alergias à comida
Quanto aos alergénios alimentares mais relevantes variam em função dos hábitos alimentares e da faixa etária. As alergias alimentares mais comuns em Portugal são ao leite de vaca, ovo, amendoim, frutos secos e frescos, peixe, marisco, trigo e soja, sendo estes alimentos responsáveis por 90% das reações. As alergias a leite de vaca ou a ovo são as mais frequentes nas crianças.
A alergia a alimentos de origem vegetal (frutos frescos e frutos secos) é a alergia alimentar mais comum em adolescentes e adultos. A confirmação do diagnóstico de alergia deverá ser efetuada por um médico especialista em Imunoalergologia, conjugando-se a história clínica, com a realização dos testes cutâneos de alergia, que podem ser efetuados em qualquer idade, e/ou por métodos de diagnóstico laboratoriais (análises específicas), para a identificação dos alergénios responsáveis pelos sintomas descritos.
Um artigo da médica Célia Costa, especialista em imunoalergologia, na Clínica Lusíadas Almada, e Coordenadora do Grupo de Interesse de Alergia alimentar da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC).
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