"Até então, o impacto da infeção pelo VIH na gravidade e mortalidade da COVID era relativamente desconhecido, e as conclusões de estudos anteriores eram, às vezes, contraditórias", ressalta em comunicado a conferência científica do IAS (Sociedade Internacional da SIDA).

"Este estudo destaca a importância de incluir as pessoas que vivem com o VIH em populações prioritárias para a vacinação contra a COVID-19", estima a presidente do IAS, Adeeba Kamarulzaman.

"A comunidade internacional deve fazer mais para garantir que os países fortemente afetados pelo VIH tenham acesso imediato às vacinas contra a COVID-19. É inaceitável que menos de 3% [da população] do continente africano tenha recebido uma dose da vacina e menos de 1,5% as duas doses", insiste.

Conduzido pela OMS, o estudo abrange 15.500 pessoas infetadas com VIH e hospitalizadas pela COVID-19 em 24 países.

A idade média dos doentes era de 45 anos e meio, e mais de um terço tinha uma forma grave ou crítica da COVID-19. Quase todos (92%) estavam em terapia antirretroviral para o VIH antes da hospitalização.

Do total de casos estudados, quase um quarto (23%) dos pacientes com resultados clínicos documentados morreram no hospital.

Levando em consideração outros fatores (idade ou presença de outros problemas de saúde), esses resultados mostram que "a infeção por VIH é um fator de risco significativo para as formas graves e críticas da COVID-19 no momento da hospitalização e para mortalidade no hospital", estima a OMS em comunicado.

De acordo com dados do ONUSIDA, a agência especializada da ONU, 37,6 milhões de pessoas viviam com VIH em todo o mundo em 2020, das quais 27,4 milhões em tratamento.

Os tratamentos antirretrovirais podem controlar a infeção a ponto de tornar o vírus indetetável.

No entanto, as autoridades mundiais de saúde alertam contra a paralisação que pode ocorrer na luta contra a Sida por causa da pandemia de COVID-19, que retarda os diagnósticos e o acesso aos tratamentos.

"Os países ricos da Europa, cujas populações têm fácil acesso às vacinas contra a COVID-19, preparam-se para aproveitar o verão, enquanto os países do hemisfério sul estão em crise", lamentou na quarta-feira a diretora-executiva da ONUSIDA, Winnie Byanyima.