O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) pode surgir em qualquer faixa etária, mas o quadro clínico mais associado a este vírus é o da bronquiolite aguda, que é uma infeção respiratória baixa, que afeta os bronquíolos e que pode surgir em bebés e crianças até aos 2 anos de idade. As manifestações típicas incluem obstrução nasal e tosse nos primeiros 3-4 dias de doença, que evolui posteriormente para dificuldade respiratória e pieira. A febre pode estar presente, embora não seja obrigatória e, habitualmente, há também interferência com a alimentação.
A gravidade da bronquiolite é variável, podendo ir desde quadros muito ligeiros até situações graves, com compromisso severo da função respiratória. A prematuridade é uma fator de risco importante para doença grave, embora a maior parte das situações ocorram em bebés e crianças de termo. Também a idade mais baixa é um fator de risco para maior gravidade, como se comprova pelos facto de, em Portugal, cerca de 47% dos internamentos por bronquiolite aguda registados desde outubro de 2023 terem ocorrido em bebés até aos 3 meses de idade.
Em crianças mais velhas e em adultos, o VSR é também responsável por infeções respiratórias que, apesar de não comportarem o mesmo risco da bronquiolite aguda, apresentam uma alta probabilidade de contágio para os grupos mais vulneráveis (bebés e crianças pequenas e idosos).
Por todos estes aspetos e ainda pelo facto da gravidade da infeção por VSR ser bastante imprevisível, gostaria de reforçar a importância de algumas medidas de prevenção, nomeadamente:
Lavagem de mãos
É, provavelmente, a medida mais importante. A lavagem de mãos regular é efetuada corretamente ajuda a prevenir o contacto com microorganismo, diminuindo assim o contágio de grande parte das infeções pediátricas.
Etiqueta respiratória
Com a pandemia a COVID-19 passou a haver um ênfase claramente positivo nas medidas de etiqueta respiratória, que devem ser encima das a todas as crianças e ser respeitadas também pelos adultos.
Limpeza de superfícies
As gotículas respiratórias podem depositar-se nas superfícies, pelo que é fundamental uma boa limpeza, para remover essas partículas.
Restringir contacto com pessoas sintomáticas
Todas as pessoas com sintomas respiratórios devem evitar o contacto com bebés e crianças, pelo risco acrescido de desenvolvimento de quadros clínicos potencialmente mais graves.
Outro tipo de medidas mais específicas devem ser sempre discutidas com o médico assistente, para avaliação caso a caso.
Um artigo do médico Hugo Rodrigues, pediatra e autor do Pediatria para Todos.
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