Independentemente de ser preto, verde, oolong ou branco, todo o chá é proveniente da mesma planta, a camellia sinensis, um arbusto originário da China, que cresce em climas tropicais e semi-tropicais. O que diferencia cada tipo de chá são, portanto, os seus métodos de produção, nomeadamente o processo de fermentação e/ou de secagem das folhas. Em cada família de chás existem ainda diferentes aromas e distintos sabores, que variam consoante uma série de fatores.
Os chás podem variar consoante a região de plantação, como é o caso do darjeeling, do de Ceilão e do assam, bem como o tipo de mistura, como sucede com o english breakfast ou earl grey. Também são diferentes consoante o aroma, que pode ser, por exemplo, de baunilha, canela ou menta. Ao todo, são cerca de 1.500 variedades. As infusões ou tisanas de tília, cidreira ou camomila, não são feitas com as folhas de camellia sinensis, pelo que não são realmente chá.
São, sim, uma mistura de folhas, flores ou raízes de plantas e de várias especiarias ou aromas de fruta. Feitas as apresentações, convidamo-lo a viajar pelo maravilhoso mundo do chá. O seu poder antioxidante é um dos mais (re)conhecidos. O chá deve os seus benefícios nutricionais à sua riqueza em antioxidantes, com um teor bem mais elevado se for puro (não aromatizado), de boa qualidade, comprado avulso e tiver uma boa infusão. Todos os tipos de chá são ricos em antioxidantes, nomeadamente flavonoides, também designados por polifenois do chá, que protegem o organismo dos efeitos nocivos dos radicais livres.
Estas substâncias contribuem, assim, para a prevenção de determinadas doenças crónicas e também do envelhecimento prematuro. O chá verde tem ainda um tipo de antioxidantes particularmente poderoso, as catequinas. Vários estudos demonstraram que um consumo regular desta bebida (três chávenas por dia) associado à ingestão de fruta e de legumes, igualmente ricos em antioxidantes, ajudam a lutar contra o envelhecimento celular.
A cafeína do chá
O chá contém teína, a cafeína do chá. Uma chávena contém entre 40 a 50 miligramas de teína. Uma dose equivalente de café contém 70 a 130 miligramas de cafeína. Apesar da sua má reputação, um consumo inferior a 300 miligramas por dia não tem efeitos adversos na maioria da população adulta. Há vários estudos internacionais que garantem que quantidades moderadas de cafeína ou teína aumentam a capacidade de concentração e a vivacidade.
Desta forma, quatro chávenas de chá por dia oferecem benefícios sem as contraindicações de outras bebidas que contêm cafeína. Mesmo assim, devido ao seu poder estimulante há quem prefira desteínar o chá. Uma forma caseira de o fazer consiste em colocar as folhas de chá num bule com água a ferver e retirar toda a água após 30 segundos. Depois é só adicionar uma segunda porção de água a ferver nas folhas já sem teína e seguir os procedimentos habituais.
Os segredos que o chá esconde
A proteção dentária é um deles. Beba chá e fará menos vistas ao dentista, asseguram muitos especialistas, com base em estudos internacionais. Para além de ser uma bebida apreciada sem açúcar, o chá é uma fonte natural de flúor com entre 0,2 a 0,3 miligramas por chávena, em média, uma quantidade que protege e fortalece os dentes. Esta bebida é também uma arma contra a bactéria responsável pelos depósitos de placa bacteriana nos dentes.
Porém, se os seus dentes têm tendência para escurecer com facilidade, dê preferência ao chá verdes e ao chá brancos, menos propensos a deixar marcas no esmalte dentário. Se prefere o chá preto, um dos mais apreciados em todo o mundo, não o deixe em infusão durante muito tempo para evitar o depósito de taninos em excesso que tingem o esmalte dos dentes. Esta é outra recomendação de especialista a ter em conta para proteger e valorizar o seu sorriso.
A diferença entre o chá avulso e o chá em saquetas
Apesar de muitos consumidores continuarem a preparar o chá com folhas avulso, vendidas em pacotes ou latas, são cada vez mais aqueles que preferem as práticas saquetas de chá. No caso do chá avulso, a velocidade de infusão dos seus componentes é independente do grau de agitação das folhas em suspensão livre. Por outro lado, quanto menores forem os pedaços das folhas de chá, maior é a superfície total disponível para o fluxo dos componentes solúveis.
Já em relação às saquetas de chá, as preferidas de muitos consumidores, existe um transporte mais lento dos componentes solúveis desde o interior das folhas para o líquido, sendo este processo acelerado pela agitação da mesma. As novas saquetes em pirâmide, muito em voga, foram especialmente concebidas para conceder aos ingredientes que o integram mais espaço para as folhas de chá poderem mergulhar livremente na água quente, libertando dessa forma todo o seu aroma e sabor, numa explosão para os sentidos. Uma chávena de chá contém, em média, cerca de 50 miligramas de cafeína, menos de metade do teor de uma chávena de café.
Cerca de 98% dos ingleses adiciona leite ao chá e apenas 30% lhe acrescenta açúcar. Dentro dos quatro tipos de chá, o preto, o verde, o branco e o oolong, existem cerca de 1.500 variedades. O chá não tem calorias e é diurético. Ao adicionar-lhe leite meio gordo, por exemplo, passa a ter 13 calorias por chávena. O chá é a segunda bebida mais consumida no mundo, a seguir à água. No Reino Unido, um dos maiores importadores, o consumo médio ronda as três chávenas por dia.
A temperatura ideal e os acessórios certos para o melhor chá
Os que pretendem iniciar-se neste mundo devem respeitar uma ordem de degustação, começando pelos sabores mais familiares e acabando nos mais raros. Comece pelos pretos aromatizados (com frutos, especiarias ou flores) e de seguida, experimente uma variedade natural (não aromatizada), como o darjeeling ou o de Ceilão. Passe para os oolong e, depois, para os verdes, primeiro aromatizados com menta, limão ou baunilha e, depois, ao natural.
O sencha ou o houjicha são os recomendados nesta fase. Por fim, estará pronto a saborear a subtileza do chá branco. Tenha em conta que, tal como o vinho, o chá é rico em taninos, naturalmente presentes nos rebentos da planta do chá. Quanto mais tempo fica em infusão, maior é a quantidade libertada para a água. Essa substância saudável reduz a absorção da teína pelo organismo mas confere à bebida um sabor amargo e desagradável, a evitar.
As tisanas de ervas não contêm taninos, pelo que podem estar mais tempo em infusão sem que isso altere o sabor da bebida. Um bom chá exige produtos de qualidade e gestos precisos:
- Água
O sabor do chá depende da qualidade da água usada. Prefira água mineral ou filtre-a, caso seja da torneira.
- Acessórios
Utilize um utensílio adequado para colocar as folhas de chá no bule, evitando tocar-lhe com as mãos. Os coadores metálicos alteram o sabor da bebida, prefira um bule com filtro em acrílico integrado.
- Temperatura
Aqueça previamente o bule ou a chávena com água quente para evitar que o chá arrefeça rapidamente. À maioria dos chás deve ser adicionada água a ferver. No caso do chá verde basta utilizar água quente.
- Bule
Utilize de preferência um bule de porcelana para cada tipo de chá. Para o lavar, não use detergente nem esponja, passe-o apenas por água fria e deixe-o secar ao natural.
- Dose
Coloque uma colher de chá por chávena e mais uma para o bule. No caso das saquetas deverá usar uma por pessoa. Pode, no entanto, estabelecer a sua medida consoante goste dele mais fraco ou forte.
- Conservação
Mantenha o chá numa embalagem hermética, num local fresco, seco, protegido da luz e odores. Compre o chá verde e branco em pequenas quantidades para ser consumido o mais fresco possível.
- Infusão
Deixe a água ferver e só depois coloque as folhas de chá. Consulte o tempo de infusão indicado nas embalagens.
Texto: Vanda Oliveira
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