Nos dias que correm, a presença de aditivos em muitos dos alimentos processados que ingerimos é praticamente inevitável. Nem todos são nefastos para a saúde mas há hábitos que deve adotar para proteger a sua saúde. Para fazer uma boa gestão do seu consumo, procure variar a alimentação e prefira os alimentos simples e menos sujeitos a transformações industriais.
Sempre que possível, prepare também refeições caseiras em vez de utilizar alimentos acabados industrialmente. Reduza ainda o consumo de guloseimas nas crianças já que elas ultrapassam mais facilmente a dose diária admissível, devido ao seu peso baixo. Ler os rótulos dos alimentos é outro comportamento a enraizar. Estes são os aditivos a evitar:
- Intensificadores de sabor
O glutamato monossódico (621, monoglutamato de sódio, extrato de levedura e proteína vegetal hidrolisada) é um dos mais comuns. «Induz uma híper estimulação neuronal capaz de tornar as crianças hiperativas e provocar nervosismo em pessoas suscetíveis. Sob a forma de aditivo, a absorção do glutamato é muito rápida, o que faz subir os seus níveis no sangue e cérebro», explica a nutricionista Daniela Seabra.
«Alguns neurónios usam-no para comunicar entre si (neurónios glutaminérgicos) e o excesso vai induzir uma hiperexcitabilidade. Hiperatividade, enxaquecas, náuseas e vómitos são apenas alguns dos sintomas», refere ainda. Encontra-o em sopas pré-cozinhadas, molhos, atum enlatado, cachorros quentes, batatas fritas, cubos de caldo que dão sabor à comida, lasanhas, pizas, fiambres e ainda em produtos para barrar o pão, como paté.
- Adoçantes artificiais
O aspartame (E951) «quando é ingerido como aditivo, tem uma absorção demasiado rápida, atingindo o cérebro e induzindo desequilíbrios e uma hiperestimulação neuronal. Um dos seus compostos (metanol) está associado a dores de cabeça, fadiga, náuseas, convulsões e pode transformar-se em formaldeído, tóxico para o cérebro e para a retina», adverte a nutricionista.
«Hiperatividade, depressão, alterações de humor, tonturas e alterações de equilíbrio, perda de memória e aumento da incidência de doença de Alzheimer são algumas potenciais consequências», diz ainda Daniela Seabra. Os produtos com um ou mais edulcorantes têm de referir que contém edulcorantes. Encontra-o em bebidas diet e light e em alimentos sem açúcar, como iogurtes e gelatinas.
- Conservantes
Os sulfitos (E220 a E228, menos o E225) também integram esta lista. «A ingestão acima de 0,7 mg/l ou quilo diários deste derivado de enxofre (que evita o desenvolvimento de microrganismos e ajuda a manter a cor original dos alimentos) pode provocar dores de cabeça e abdominais, náuseas, vómitos e diarreia, bem como reações asmáticas graves e, em casos extremos, a morte», advertem os especialistas.
«Uma vez ultrapassado os 10 mg/kg ou litro, é considerado um alergénio e a menção da sua presença é obrigatória no rótulo. A dose diária admissível pode ser ultrapassada se combinarmos alguns alimentos ou consumirmos em demasia um deles», lê-se no site da DECO, associação de defesa do consumidor. Pode encontrá-los nos vinhos, na carne e derivados, nos congelados (idealmente convém lavá-los antes de os cozinhar) e nos frutos secos.
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- Corantes
Alguns dos mais nocivos são a tartrazina (E102), o ponceau 4 R ou vermelho cochonilha A (E124), o azul brilhante (E133), a eritrosina (E127), o amarelo-sol FCF (E110) e a azorrubina ou carmosina (E122). «Associados à hiperatividade infantil, crises de asma, eczemas e alergias. Nalguns estudos em animais, a tartrazina alterou a capacidade de aprendizagem e memória. Parece aumentar o stresse oxidativo a nível cerebral», diz Daniela Seabra.
«O E127 parece aumentar a permeabilidade das células ao cálcio, o que pode induzir hiperexcitação cerebral e é capaz de alterar a ação do neurotransmissor dopamina», sublinha ainda a nutricionista. Estes corantes estão presentes nas gomas, nos gelados de cores vivas, nos sumos, nas gelatinas, na charcutaria, nas farinhas e nos molhos.
- Conservantes e agentes de cura
Os nitratos (E240 a E259) figuram no topo das preocupações a este nível. «O risco destes compostos deve-se, sobretudo, à transformação em nitritos. Esta conversão produz-se por ação de bactérias na boca e no estômago. As crianças, pela imaturidade do seu organismo, são mais vulneráveis», lê-se no site da DECO.
«Por sua vez, os nitritos podem reagir com as aminas dos alimentos e gerar as nitrosaminas, compostos potencialmente cancerígenos», refere ainda a mesma fonte. Pode encontrá-los nas salsichas enlatadas e no vinho.
- Estabilizantes e corretores de acidez
Os fosfatos de sódio (E450, E451 e E452) «estão associados à hiperatividade cerebral quando consumidos em excesso», conta Daniela Seabra. Encontramo-los nos cereais de pequeno-almoço, nos refrigerantes à base de cola, nas pastilhas, nos produtos lácteos e no peixe congelado, como o bacalhau.
Texto: Bárbara Bettencourt com Daniela Seabra (nutricionista)
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