Os anúncios a refrigerantes e águas minerais de todas as formas e feitios reproduzem-se como cogumelos. Parecem seguir-nos para todo o lado. São cada vez mais as alternativas à tradicional água da torneira. Águas com gás ou lisas, com sabores, fibra, L-carnitina. A escolha é vasta e a curiosidade também. Afinal, o que as caracteriza e o que as distingue? Que quantidade devemos ingerir? Sob a orientação de Carla Vasconcelos, nutricionista, ajudamo-lo a separar as águas.
Não podemos viver sem eles. Os sais minerais são vitais para o bom funcionamento do nosso organismo. E, já que os perdemos diariamente através da respiração, da urina e da transpiração, devemos preocupar-nos com a sua reposição. Em dias de mais calor ou em alturas em que a nossa actividade física é maior, esse cuidado tem de ser redobrado. O consumo de líquidos, mesmo na ausência de sensação de sede, é fundamental.
A água da torneira é boa?
É aqui que entram as várias águas. Um sabor agradável e uma temperatura adequada podem estimular o consumo. A da torneira é a mais económica. É, habitualmente, equilibrada do ponto de vista do cálcio, o que é bom para não sobrecarregar os rins, mas tem a desvantagem de nem sempre ter o melhor sabor devido aos tratamentos com cloro. Este sabor desaparece se adaptarmos um filtro de carvão à torneira.
Também se dilui se deixarmos arejar a água durante cerca de duas horas, até volatilizar o cloro, ou se a colocarmos no frigorífico com duas a três gotas de sumo de limão e depois a decantarmos para eliminar o cloro depositado. As águas engarrafadas são mineralizadas, o que significa que, no seu percurso por baixo do solo, passaram por rochas com várias substâncias minerais, como carbonato e sulfato de cálcio, que nelas se diluiram, enriquecendo-as.
São águas agradáveis e bacteriologicamente puras. Se tiver bom paladar, conseguirá descobrir diferenças entre as diversas águas disponíveis no mercado. Como cada uma tem a sua composição química, é importante ir alternando as marcas para garantir um consumo apropriado dos vários minerais e para evitar que o balanço hidroelectrolítico seja prejudicado. Veja também a galeria de imagens com 11 boas razões para beber (mais) água.
Mudam-se os tempos... mudam-se as águas!
Sempre atentas às necessidades dos consumidores e à evolução das suas preferências, várias marcas de águas minerais lançaram no mercado versões com sabores a fruta. São águas funcionais que prometem purificar e revitalizar o corpo e o espírito. Limão, pêssego, manga, maçã, ananás... as hipóteses são muitas. Garantem baixo valor calórico, mas não podemos esquecer-nos de que acabam por ser soft drinks e não apenas água.
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Beber para emagrecer
Ao chegar a época do calor, a publicidade seduz-nos com promessas de corpos perfeitos. E a receita? Fácil. Beber águas funcionais com sabores, fibras hidrossolúveis e L-carnitina. As fibras hidrossolúveis actuam melhorando o trânsito intestinal e reduzindo o apetite. Ao retardarem a digestão, promovem uma absorção mais adequada de nutrientes e contribuem para o efeito de saciedade. A L-carnitina é um aminoácido que ajuda a transformar a gordura em energia.
Também facilita o aumento do bom colesterol, ajudando a manter as artérias coronárias limpas, sem placas de gordura acumuladas e pode ajudar a baixar a tensão arterial. É sedutora ou não esta ideia de emagrecer e melhorar a condição física sem esforço? Mas, como não há soluções mágicas, o objectivo só será alcançado se, ao consumo de água, se aliar uma alimentação saudável e a prática regular de exercício físico.
Águas gaseificadas
São águas minerais naturais gasocarbónicas que eliminam a sede e repõem rapidamente os sais minerais. Também podemos encontrar versões soft, ligeiramente gaseificadas, com ou sem sabores. Para quem goste, são agradáveis, mas o seu consumo excessivo pode provocar distensão abdominal.
Além disso, há a hipótese de alguns dos sais nelas dissolvidos prejudicarem o balanço hidroelectrolítico, o funcionamento renal, a tensão arterial, a mineralização óssea, a regularização da acidez renal e o trânsito intestinal. Por estas razões, as águas minerais gaseificadas não devem ser consumidas regularmente.
Água caso a caso
A quantidade de água que devemos ingerir diariamente varia em função da idade, da actividade praticada e da temperatura ambiente. De acordo com a Nova Roda dos Alimentos, as recomendações para indivíduos adultos saudáveis apontam para entre um litro e meio e três litros de água por dia. Nos dias mais quentes ou quando praticamos mais exercício físico, a quantidade de água de que necessitamos é maior, aproximando-se dos três litros.
Quando a ingestão de água é superior à sua eliminação, o consumo é excessivo, o que, para pessoas com problemas cardíacos, renais ou hepáticos, pode ter riscos. Uma diluição exagerada do sódio presente na corrente sanguínea pode causar fadiga, apatia, dor de cabeça ou outras situações mais graves.
No entanto, um adulto saudável teria de beber mais de sete litros e meio de água por dia para ultrapassar a capacidade de excreção do seu organismo, o que é claramente um exagero. Afinal, a hidratação também é uma questão de bom senso. Por falar nisso, tem-se hidratado bem? Pelo sim pelo não, leia este artigo, com as recomendações do Instituto de Hidratação e Saúde.
Veja na página seguinte: Os mitos que (ainda) existem sobre a água
Os mitos da água
Paradoxalmente, numa sociedade cada vez mais informada, não para também de aumentar o volume de desinformação que circula. Não raras vezes, são recebidos e-mails e lidos artigos com informações que baralham os consumidores, muitos deles pouco ou nada preocupados em obter esclarecimentos válidos. Acabe, de uma vez por todas, com os falsos mitos e saiba o que é verdade e o que não pára de pura invenção e especulação:
- Oito copos de água por dia correspondem à quantidade ideal de água para todos. É verdade. Confirma-se!
- Uma boa hidratação favorece o transporte de oxigénio no organismo. Sim, é verdade. Mais uma boa razão para se hidratar convenientemente.
- A água mineral é melhor do que a da torneira. Por muito que lhe tentem vender esta teoria, nem sem é assim.
O que a água nos faz
5 funções vitais que o líquido mais precioso assegura:
1. Regula a temperatura corporal, os sistemas nervosos e musculares.
2. Transporta nutrientes e outras substâncias essenciais para as células.
3. Renova os tecidos.
4. Aumenta a resistência imunitária e antioxidante.
5. Ajuda a transportar e a eliminar os produtos tóxicos resultantes do metabolismo.
Texto: Paula Alberty com Carla Vasconcelos (nutricionista)
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