A tosse não é uma doença. A tosse é um importante mecanismo de defesa do aparelho respiratório e constitui um sintoma que deve ser devidamente valorizado. Resulta de uma resposta fisiológica do organismo, que permite a limpeza das vias aéreas respiratórias, e a eliminação de secreções e substâncias  estranhas.

A tosse pode surgir de forma aguda, geralmente de curta duração, podendo estar associada a infeções víricas, sobretudo nos períodos de outono e inverno, e por vezes é associada a outros sintomas como febre e dores musculares.

A inalação de corpos estranhos, ou exposição a episódios de poluição intensa, podem ser responsáveis por episódios agudos de tosse. A poluição doméstica pode desencadear episódios de tosse particularmente associada ao uso de combustíveis fósseis.

A tosse crónica, de duração mais prolongada no tempo, surge muitas vezes associada a doenças das vias aéreas ou do pulmão, como o cancro do pulmão ou da laringe, as bronquiectasias e em doenças infeciosas como a tuberculose. Alguns medicamentos usados no tratamento da hipertensão arterial podem ser responsáveis por tosse crónica que obriga à suspensão do medicamento em causa. A tosse crónica matinal é muito comum nos fumadores. A tosse psicogénica pode surgir em períodos de stress emocional em doentes ansiosos ou depressivos.

A tosse crónica paroxística, recurrente que surge por surtos, está muitas vezes associada a doenças alérgicas, repetindo-se os episódios sempre que há exposição ao alergénio. Uma causa frequente de tosse recorrente, que se agrava durante a noite, é o refluxo gastroesofágico relacionado com patologia gástrica.

A tosse pode ser seca ou pode provocar a eliminação de secreções, neste caso temos uma tosse produtiva. Na tosse produtiva é muito importante ter em atenção a quantidade e a cor da expectoração. Adicionalmente é importante perceber se há eliminação de sangue junto com a expectoração, e se este é vermelho vivo ou mais escuro.

Independentemente do tipo de tosse, este é um sintoma importante que deve ser devidamente analisado e valorizado no diagnóstico clínico do doente.

Um artigo da médica Aurora Carvalho, pneumologista no Hospital Lusíadas Porto.