Apesar da constipação comum e da gripe, também apelidada de influenza, serem duas infeções causadas por vírus e provocarem um aumento da mucosidade, lacrimejo, espirros ou tosse, nem todos os seus sintomas coincidem. Os vírus que provocam estas duas infecções respiratórias altas são diferentes. O processo gripal caracteriza-se por produzir uma temperatura corporal elevada, mal-estar geral e, por vezes, estomacal.

Dores no corpo e de cabeça, espirros e perda de apetite são outras das consequências comuns das vítimas dos surtos de gripe, muito comuns nos períodos de maior frio. O seu vírus é mais contagioso do que o da constipação, também habitual nestas fases do ano. Para além disso, afeta a população em geral, pode ter consequências graves, pode obrigar à hospitalização e, nos casos mais extremos, pode inclusive levar à morte.

A constipação comum apresenta, sobretudo, manifestações respiratórias como é o caso do aumento de mucosidade e da tosse, congestão e secreção nasal, sensação de picadas e ardor na garganta. Mas não produz febre e o mal-estar é mais leve, como alertam os especialistas. A constipação afeta mais as crianças, dura menos tempo e as suas complicações são muito menos frequentes, sublinham ainda os profissionais de saúde.

A vacina contra a gripe convém-lhe?

A imunização é a melhor arma para combater a gripe em grupos de pessoas com um risco acrescido. Para saber se deve vacinar-se, deve falar com o seu médico. A imunização está indicada, sobretudo, para pessoas com mais de 65 anos, doentes crónicos (pulmonares, cardiovasculares ou metabólicos), pessoas imuno-deprimidas e grupos expostos a contrair ou a propagar a doença, como os profissionais de saúde.

A lista inclui ainda os professores, assim como pessoas que vivam em lares ou estejam em contacto com pacientes de risco. Os vírus da doença mudam aos poucos e a vacina é modificada todos os anos, para que seja o mais eficaz possível, razão pela qual o facto de se ter vacinado no ano anterior não confere protecção para o ano em curso. O início da campanha de vacinação determina a época em que o vírus começa a circular.

Deve, por isso, ser feita entre o final do outono e o princípio do inverno. A proteção da vacina antigripal pode durar até um ano e chegar aos 70% a 90%, apesar de depender da idade e saúde da pessoa e da semelhança entre os vírus circulantes e os da vacina. Em todo o caso, consegue reduzir a gravidade da gripe, no caso de contrair a doença, como garantem muitos médicos e profissionais de saúde que defendem a vacinação.

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A vacina, que é administrada numa dose, começa, habitualmente, a fazer efeito passadas duas semanas após a sua aplicação, pelo que convém recebê-la quando os vírus começam a circular, se bem que é igualmente útil se for administrada mais tarde, como por vezes sucede.

Algumas pessoas têm uma leve reação à vacina que surge entre as 6 e as 12 horas seguintes e que consiste em febre, mal-estar e outros sintomas que podem ser confundidos com uma infecção gripal. Esta reação desaparece, por norma, num período entre 24 ou 48 horas.

"A vacina da gripe não confere imunidade para a vulgar coriza [inflamação aguda da mucosa nasal] ou constipação", adverte contudo Isabel Santos, entrevistada há uns anos pela Prevenir na condição de regente da disciplina de medicina geral e familiar na Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. "Por isso, não espere que a vacine lhe traga um ano sem constipações. Isso poderá não acontecer", avisa ainda Isabel Santos.

Texto: Madalena Alçada Baptista