Muito temidas pelas mulheres, causam desconforto, dores intensas
e podem surgir várias vezes no mesmo ano.

«Em Portugal, as
infeções urinárias afetam cerca de 40% das mulheres e, no verão,
a sua incidência aumenta cerca de 30%», alerta a Associação
Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia. A boa notícia
é que, com os cuidados simples, podemos contrariar esta tendência.

A origem

Uma infeção urinária ocorre
«quando as bactérias provenientes
do intestino, que habitualmente
se encontram na pele da vulva
e nas zonas perianais, penetram
na uretra, situação que ocorre
facilmente durante o ato sexual»,
refere o médico urologista Luís
Abranches Monteiro. «As defesas
da uretra impedem que estas
bactérias cheguem a instalar-se na bexiga, mas nem sempre o
conseguem e surge a cistite aguda
bacteriana, a infeção urinária mais
frequente», explica o especialista.


«Por uma questão «puramente
anatómica», como refere Luís
Abranches Monteiro, apesar de também poderem afetar o sexo masculino, as infeções
urinárias são uma realidade
sobretudo feminina, como comprovam médicos e especialistas. «A uretra é
bastante mais curta que no homem
e a bexiga, onde se instalam as
bactérias, está mais acessível»,
esclarece o especialista.

Sintomas que não deve ignorar

Mais frequentes na idade fértil,
entre os 25 e os 40 anos, as infeções
do sistema urinário começam por
manifestar sintomas como vontade
frequente de urinar (ou urinar
muitas vezes), ardor ao urinar, dor
instalada acima da púbis, sensação
de mal-estar ou, nos casos em que estão mais avançadas, dor
constante no fundo das costas,
sensação de urgência de urinar,
urina de cor diferente, febre ou
calafrios.

Perante qualquer um
destes sintomas, «deverá consultar
um médico para obter uma
medicação antibiótica», recomenda
o urologista. Se as infeções
urinárias forem recorrentes
(10 a 20% dos casos), pode ser
recomendada uma vacina oral.
Consultar um médico, logo após
os primeiros sinais é, segundo o
especialista, «fundamental para
evitar a progressão da infeção para
os rins».

Porque aumentam no verão?

No verão, a probabilidade de contrair
uma infeção urinária é maior
devido à insuficiente ingestão de
água e à maior frequência e disponibilidade
para as relações sexuais. «Uma das primeiras defesas contra
as infeções da bexiga (cistites agudas)
é a constante passagem de urina
pela uretra, que mecanicamente
arrasta as bactérias para o exterior,
antes que se possam instalar na
bexiga. No verão, se não houver
o cuidado de ingerir mais água, a
produção de urina e o número de
micções chega a ser três vezes menor», sublinha o especialista.

Infeções urinárias versus infeções ginecológicas

Por terem sintomas
semelhantes, podem ser,
por vezes, confundidas.
«As micções frequentes e
o desconforto suprapúbico
podem ser comuns
à infeções vaginais»,
constata o urologista Luís
Abranches Monteiro.
Contudo, há um sintoma
que as distingue.

«O ardor durante a
passagem da urina, que só
ocorre no caso das infeções
urinárias». Também
a origem é diferente.
«A maioria das infeções
vaginais são fúngicas
e não bacterianas como
as urinárias», esclarece
o especialista.

Veja na página seguinte: 8 regras essenciais para prevenir infeções urinárias

8 regras essenciais para prevenir infeções urinárias

1. Ingira pelo menos dois
litros de água por dia.
Com o calor, perdemos
mais líquidos, por isso,
há que aumentar a sua
ingestão no verão.

2. Atenção ao tempo que
passa com o biquíni ou
fato de banho. Os seus
tecidos, compostos por
fibra, podem ser agressivos
para a região vaginal.

3. Use roupa interior de algodão.
Este tecido é menos
agressivo para a região
vaginal. Prefira, por isso, lingerie neste tipo de tecido.

4. Na higiene íntima, limpe-se sempre de frente para
trás para evitar o arrastar
das bactérias até à região
genital e urinária.

5. Evite pensos higiénicos diários
e os duches vaginais.
Higiene em excesso pode
levar à destruição da flora
vaginal e facilitar o desenvolvimento
das bactérias.

6. Esvazie a bexiga após as
relações sexuais e faça
uma pequena higiene após
o ato sexual.

7. Evite reter a urina. Muitas
infeções urinárias surgem
na sequência de apertar
a bexiga e evitar ir à casa
de banho. A urina fica acumulada
demasiado tempo,
o que favorece o crescimento
bacteriano. Deve
urinar-se regularmente, de
três em três horas.

8. Regule o trânsito intestinal.
A obstipação intestinal
é um fator de risco para
o desenvolvimento de
infeções urinárias.

Texto: Sofia Cardoso com Luís Abrantes Monteiro (urologista e vice-presidente da Associação Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia