Durante um encontro promovido pela Comissão Europeia que reuniu alunos, professores e decisores políticos, o ministro português Tiago Brandão Rodrigues foi questionado sobre a “sua educação de sonho para iniciativas climáticas no futuro”.
“Uma educação de sonho para o clima é aquela que coloca os alunos no centro da mudança nas nossas sociedades”, disse, durante o encontro ‘online’ “Educação pelo clima”.
Para Tiago Brandão Rodrigues a aposta deve passar por uma educação climática que forme os jovens “a serem os catalisadores dessa mudança, estimulando as suas famílias, as redes fechadas e as comunidades a aderirem ao movimento de uma vida mais sustentável”.
Também Pramod Kumar Sharma, da Fundação para a Educação Ambiental – Eco-Escolas, disse que “Educação não é só o que se aprende na escola”, mas a forma como através dela se consegue chegar às famílias: “Precisamos de pensar para lá das escolas”.
A ideia de que através da educação ambiental se consegue promover valores e mudar atitudes e comportamentos foi defendida por vários dos presentes. Para Tiago Brandão Rodrigues, este é um trabalho que deve começar com os mais novos, os “de tenra idade”.
Também presente no encontro, o estudante holandês envolvido na iniciativa “Spark the movement”, Max Eisenbart, lembrou que a questão ambiental não pode ser algo extra curricular: “Precisamos de tempo no currículo (…) e os professores precisam de liberdade”, defendeu.
Uma ideia também defendida por Brandão Rodrigues, que disse que o currículo deve ser uma “estrutura dinâmica e flexível, capaz de abranger outras áreas do conhecimento, além das tradicionais”: “A educação climática certamente é uma dessas áreas”, sublinhou.
Por isso, salientou a importância de os decisores políticos facilitarem a formação de professores nesta área assim como “desenvolver materiais de apoio pedagógico para professores e alunos com foco na educação climática para todos os níveis de ensino”.
Neste processo, os alunos pedem para serem ouvidos e para fazer parte do trabalho que deve ser colaborativo.
“Têm de ouvir as nossas ideias e trabalhar connosco”, disse o estudante holandês, acrescentando que a crise climática só se resolve todos estiverem juntos.
“Espero que deem um espaço para discutirmos este assunto”, acrescentou, pedindo que esta seja uma discussão que envolva estudantes, professores, decisores políticos e empresários.
Essa é precisamente uma das ideias do projeto ‘online’ que está a nascer - “Coligação da Educação para o Clima” - e que vai permitir criar uma comunidade europeia, sem fronteiras, que envolva as comunidades escolares e outros atores educacionais.
Através de uma plataforma ‘online’ é possível a um aluno numa aldeia do interior conhecer um projeto de uma outra escola, situada do outro lado da Europa, permitindo o intercambio de experiências e conhecimentos em toda a UE.
A ideia é que a plataforma europeia sirva para desbloquear, desenvolver ou reutilizar ações que tenham sido bem-sucedidas e que permitam desenvolver uma sociedade neutra para o clima. Neste projeto não há limite de idades, nem discriminação quanto ao tipo de instituição de ensino.
“A população adulta também precisa de ser envolvida. Temos de ser inclusivos, não podemos discriminar ninguém”, disse Anne Karjalainen, membro do Comité Europeu das Regiões e Presidente da Comissão SEDEC.
Neste trabalho de desenhar novas estratégias que consigam garantir a sustentabilidade ambiental, os especialistas da área da ciência e os responsáveis económicos também são convidados a participar.
A “Coligação da Educação para o Clima” foi anunciada em dezembro de 2020 e a ideia é criar uma comunidade participativa pan-europeia para a educação para o clima.
A plataforma ‘online’ deverá nascer em novembro, no Dia da Educação para o Clima. Até lá, entre julho e novembro irão realizar-se ‘workshops’ para que as pessoas interessadas nestes projetos possam perceber como se envolver a criar a futura comunidade (https://education-for-climate.ec.europa.eu/_en).
A comissária para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, sublinhou o trabalho realizado até ao momento e a importância em “conhecer modelos e melhores práticas que depois irão inspirar novas práticas”.
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