Quem tem filhos tem preocupações acrescidas quando vai à praia ou à piscina.

 

Até porque basta uma distração, como uma criança ir atrás de uma bola para a apanhar, para que se possa verificar uma situação de afogamento.

 

Como quase todas as crianças gostam de passar a maior parte do tempo dentro de água, a vigilância deve ser constante para evitar o pior dos cenários. Atualmente, o afogamento continua a ser a segunda causa de morte acidental de crianças e jovens. Foi depois de ter assistido a uma situação como esta que, em 1966, o Dr Harvey Barnet resolveu criar o ISR (Infant Swimming Resource), um método de auto-salvamento para crianças. Fomos perceber como funciona.


SOS na água

 

Se pensa que este é apenas mais um curso de natação, desengane-se. Aqui a prioridade é a sobrevivência e o objetivo fomentar a autonomia na água. As aulas destinam-se a crianças entre os seis meses e os seis anos. Como explica Estela Florindo, responsável pela presença do ISR no nosso país, «as técnicas usadas para ensinar crianças a sobreviver na água baseiam-se em princípios da psicologia do comportamento e fisiologia bem testados e pesquisados».

 

«Antes de a criança iniciar o curso, a sua história clínica é avaliada por uma equipa médica. Ao longo do curso, e sempre que a criança precisar de interromper as aulas por indicação do seu pediatra ou se faltar mais de três dias, por doença, terá que ser feita uma atualização do seu estado clínico à ISR e só será dada aprovação para regressar às aulas após uma avaliação positiva do médico», esclarece.

 

Aprender a fluturar


As aulas são preparadas de acordo com a idade do aluno e, apesar do objetivo ser o mesmo, há exercícios próprios para cada etapa. Primeiro, o formador ajuda a criança a sentir-se à vontade no meio aquático e só então inicia as ténicas de auto-salvamento.

 

Como exemplifica a instrutora, «entre os seis meses e o primeiro ano as crianças aprendem a rodar sobre o seu corpo dentro de água, ficando a boiar sem assistência até serem resgatadas». Suster a respiração quando estão debaixo de água, respirar calmamente e manter-se à tona são os objetivos principais.

 

«As crianças entre um e seis anos aprendem uma sequência nadar-boiar-nadar até chegarem a um ponto de segurança. O curso não é rígido, sendo cada aula adaptada à resposta e evolução de cada criança» revela Estela Florindo. Este curso é procurado «essencialmente como medida preventiva», ilustra. Contudo, convém não esquecer que, independentemente da idade ou das técnicas que a criança domine, nada substitui a vigilância dos pais.

 

Texto: Leonor Noronha com Estela Florindo (instrutora de ISR - Infant Swimming Resource)