Para que a sua pele tenha o ar descansado que geralmente costuma apresentar em tempo de férias, tente elimina definitivamente as pressões negativas da sua vida. De acordo com Manuela Cochito, dermatologista, "o stresse influencia, de facto, o estado da pele e, quando alguma coisa não está bem, isso é visível de imediato", garante a especialista. Em situações stressantes, o nosso organismo reage logo, direccionando o fluxo sanguíneo e o fluxo de oxigénio para as áreas que considera vitais na resposta ao stresse.

Ao fazê-lo, afasta-o das zonas consideradas não essenciais, como é o caso da pele. Quando os episódios de stresse são frequentes e este processo ocorre repetidamente, ela não recebe os nutrientes que necessita e ressente-se. "Podemos dividir os efeitos do stresse na pele em dois grandes grupos. Num, temos as doenças que se agravam ou que podem ser desencadeadas por esse mesmo stresse e, no segundo grupo, aquilo que não são propriamente doenças mas, sim, estados de pele menos bonitos", diz.

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"Estados menos felizes, devido a situações causadas pelo stresse", acrescenta Manuela Cochito. "Das muitas doenças de pele causadas pelo stresse, a mais comum e que tem uma relação direta com o cansaço e com as preocupações é a dermatite seborreica, a vulgar caspa. Muitas vezes, manifesta-se também na face, com uma descamação ao nível das sobrancelhas e na zona nasal", esclarece a especialista. Outra doença relativamente vulgar que está associada à ansiedade excessiva dos dias de hoje é a psoríase. "À partida, a pessoa já a tem, mas pode agravar-se ou até manifestar-se pela primeira vez em alturas de maior stresse", refere a dermatologista.

O eczema atópico, a acne, as peladas no couro cabeludo e as alterações nas unhas são outras manifestações que podem estar relacionadas com a presença de stresse nas nossas vidas, pelo que é essencial aprender a ouvir a pele. A diminuição da resistência da epiderme, o aumento da transpiração, a vermelhidão, as comichões, o enfraquecimento do cabelo e das unhas, as reações alérgicas, o tom macilento e com menos brilho e a perda da elasticidade são queixas que não devem ser menosprezadas.

São, como esclarece Manuela Cochito, "consequências desagradáveis do stresse que interferem no nosso bem-estar e na nossa autoestima. Por detrás, podem encontrar-se fatores tão simples como a pessoa dormir mal, andar mais cansada e não ter tempo nem paciência para tratar de si diariamente. A pele ressente-se da falta de mimo", sublinha. Mas será que o stresse também pode ser responsável pelo envelhecimento precoce da pele? Houve alturas em que esta questão já dividiu os especialistas.

"Há muitos estudos científicos que tentam estabelecer uma relação entre o stresse e o envelhecimento prematuro da pele e o que se conclui é que depende do tipo de stresse, isto é, tem de ser um stress negativo e muito prolongado", considera a a dermatologista. Se o stresse se manifestar durante períodos prolongados enfraquece o sistema imunitário e inibe o trabalho dos antioxidantes que combatem os radicais livres, que são na prática os grandes responsáveis pelo envelhecimento prematuro da pele.

Os rituais diários imprescindíveis 

Por muito stressada que seja a sua vida, há gestos preventivos que deve adotar e implementar no dia a dia. "As pessoas devem limpar a pele de manhã e à noite e certificarem-se que os produtos que utilizam estão adaptados ao seu tipo de pele", sublinha Manuela Cochito. "Fundamental é também aplicar protetor solar diariamente, principalmente num país como o nosso, onde o sol é um grande fator de stresse para a pele e um causador de envelhecimento", refere ainda a dermatologista.

"O factor de proteção nunca deve ser inferior a 20", alerta a especialista, salientando que, "a partir de determinada idade, é igualmente importante usar produtos que, de alguma forma, ajudem a retardar o envelhecimento da pele e/ou a tratar alguma patologia que surja". Para prevenir e combater os efeitos do stresse na epiderme, "atualmente existem no mercado cremes com um efeito anti-stresse que são muito agradáveis, que apostam na aromaterapia e que ajudam a relaxar", informa Manuela Cochito.

As empresas de dermocosmética estão atentas. "As máscaras que se colocam no frigorífico e se aplicam frescas também têm um efeito bastante relaxante", elogia a dermatologista. Em relação ao tipo de tratamento de patologias cutâneas associadas ao stresse, este vai depender de cada caso concreto. Uma forma eficaz de manter o stresse afastado passa por um estilo de vida saudável, onde se inclui uma alimentação equilibrada que assegure que ingerimos todos os nutrientes necessários.

Devemos apostar em alimentos ricos em antioxidantes, que são indicados para combater o envelhecimento cutâneo, como é p casos das leguminosas, do salmão, da cenoura, dos espinafres, das beringelas, dos espargos, do alho, das nozes, do abacate, do quivi, do melão e da maçã, que são, a par dos frutos vermelhos, do chá e da água, são alguns exemplos de alimentos e de bebidas que deve privilegiar no quotidiano. Também pode recorrer à toma de antioxidantes sob a forma de comprimidos.

A suplementação é uma forma de assegurar que está a ingerir as quantidades diárias recomendadas de vitaminas e minerais essenciais. Embora, nunca descurando a alimentação, uma vez que os suplementos nutricionais não a substituem. No entanto, como conclui Manuela Cochito, "o ideal é mesmo tentar controlar o stresse negativo nas nossas vidas", recomenda. Sempre que puder, faça uma pausa, pare para observar o que acontece à sua volta e respire fundo. A sua pele agradece.

Texto: Raquel Amaral com Manuela Cochito (dermatologista)