A rinossinusite crónica é uma doença que afeta o nariz e os seios perinasais e que consiste numa inflamação persistente do seu revestimento, ou seja, da mucosa. Sendo uma patologia crónica, a rinossinusite crónica afeta os doentes por longos períodos, geralmente durante vários anos.

É uma entidade frequente, estimando-se que a sua prevalência ronde os 3 a 12% em Portugal. Atualmente, é considerado um problema de saúde pública pelo seu grande impacto na qualidade de vida, no absentismo laboral e nos custos de saúde.

De uma forma simplificada, a rinossinusite crónica poderá ser dividida em rinossinusite sem pólipos nasais e em rinossinusite com pólipos nasais. No subtipo de rinossinusite crónica com pólipos nasais ocorre o desenvolvimento de pólipos nasais que consistem em pequenas massas benignas que crescem dentro da cavidade nasal e dos seios perinasais.

Os pacientes com rinossinusite crónica podem apresentar os seguintes sintomas: obstrução nasal; corrimento ou muco nasal; diminuição ou perda do olfato; e dor/pressão facial. O diagnóstico da rinossinusite crónica é feito quando existem pelo menos dois destes sintomas presentes há mais de 12 semanas, sendo que é necessário que um desses sintomas seja obstrução nasal e/ou muco nasal. Além destes sintomas descritos, a rinossinusite crónica com pólipos poderá ser diagnosticada quando se verifica a presença dos pólipos no exame físico ou nos exames complementares (como a endoscopia nasal ou a TAC).

O nosso conhecimento sobre as diferentes formas de rinossinusite tem tido avanços muito significativos ao longo dos últimos anos. É provável que cada paciente com rinossinusite crónica tenha uma combinação de vários fatores diferentes.

Alguns desses fatores conhecidos são: fatores genéticos; presença de asma; intolerância aos anti-inflamatórios não esteróides; deficiências do sistema imunitário; infeções víricas; bactérias; tabagismo; e poluição.

A rinossinusite crónica é, na maioria dos casos, uma doença persistente, mas que poderá ser controlada com uma combinação de tratamentos médicos e cirúrgicos.

Assim que diagnosticada a rinossinusite crónica, o paciente deve iniciar tratamento que consiste nas lavagens nasais diárias com soluções salinas em associação com a aplicação de corticóide tópico nasal.

Poderão ser adicionadas, ocasionalmente, outras medicações como os descongestionantes nasais, o antibiótico ou o corticóide sistémico. Contudo, estes tratamentos não devem ser utilizados por rotina, uma vez que apresentam importantes efeitos secundários.

Quando um paciente já faz o máximo de medicação, mas os sintomas ainda afetam a sua qualidade de vida, poderá estar indicada cirurgia.

A cirurgia tem como objetivo a remoção da carga inflamatória, do muco nasal e, quando presentes, dos pólipos nasais. Permite ainda a melhoria da ventilação dos seios perinasais e é realizada através de uma endoscopia nasal.

Embora a cirurgia resulte numa melhoria significativa dos sintomas, os pólipos podem recorrer numa proporção elevada dos doentes (até 25%).

Até muito recentemente, este grupo de pacientes não tinha outra opção senão cirurgias repetidas e o uso recorrente de corticóides orais (ou endovenosos), com impacto importante nos sintomas, na sua qualidade de vida e à custa de efeitos secundários graves. Felizmente, para estes doentes, estão agora disponíveis tratamentos com medicamentos biológicos.

Os fármacos biológicos são um novo tipo de tratamento médico, que atua diretamente no sistema imunitário bloqueando a inflamação e com isso fazendo desaparecer os pólipos nasais.

Os cuidados médicos de um otorrinolaringologista devem ser procurados na suspeita de rinossinusite crónica. Esta suspeita pode surgir quando:

Na presença dos sintomas que podem dever-se à rinossinusite crónica: obstrução nasal; diminuição do olfato; corrimento nasal; peso/dor na face;

Se observa no interior do nariz estruturas que se assemelham à descrição de pólipos nasais.

Um artigo do médico Gil Coutinho, especialista em Otorrinolaringologia no Centro Hospitalar Universitário São João, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Hospital Privado de Alfena.