Mais de 40% dos habitantes de um município italiano que viram o teste à COVID-19 que fizeram positivo eram assintomáticos, revela um novo estudo que a revista científica Nature acaba de divulgar. A investigação confirma que o confinamento rápido e a realização de testes em massa permite reduzir consideravelmente o número de infeções causadas pelo novo coronavírus. No fim de fevereiro, a primeira morte por SARS-CoV-2 em Itália teve lugar em Vo' Euganeo, na província de Pádua, no norte do país.

As autoridades locais optaram, de imediato, pelo confinamento dos 3.200 habitantes durante duas semanas. Nesse período, 85% dos moradores foram submetidos ao teste da COVID-19. No início da quarentena, 2,3% dos residentes estavam infetados. No final, eram apenas 1,2%. 42,5% dos que testaram positivo nunca tiveram, de acordo com os autores da investigação, qualquer sintoma da patologia, nem no momento do despiste nem posteriormente. "A doença pode ser controlada", garante Andrea Crisanti.

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"A testagem maciça dos cidadãos, apresentem ou não sintomas, permite gerir a propagação da patologia e evitar que as epidemias fiquem incontroláveis", defende o investigador do departamento de medicina molecular da Universidade de Pádua, que também integra o departamento do Colégio Imperial de Londres que se dedica às ciências da vida. "Apesar de ser uma doença com uma transmissão silenciosa e generalizada, pode ser dominada", afirma o cientista italiano. De acordo com a investigação agora revelada, os doentes assintomáticos apresentam uma carga viral semelhante à dos que adoeceram, podendo, assim, propagar o vírus.

"Até mesmo os infetados assintomáticos podem contribuir para a transmissão", alerta Enrico Lavezzo, investigador da Universidade de Pádua, coautor do estudo. Nenhuma das crianças com menos de 10 anos testada ao SARS-CoV-2 teve um resultado positivo no despiste, apesar de muitas delas viverem com adultos infetados, realçam ainda os profissionais que analisaram os números. Ilaria Dorigatti, outra das cientistas que participaram na investigação, também defende o isolamento social imediato.