A lógica da dieta cetogénica é simples: propõe a redução brusca na ingestão de hidratos de carbono, substituindo-os por gorduras.

Segundo este regime alimentar, como os hidratos de carbono são a principal fonte de energia do organismo, na falta deles a reserva de gordura no organismo é acionada.

A perda de peso não é o único benefício dessa alteração nos hábitos alimentares, sugerem dois estudos independentes publicados esta terça-feira no jornal científico "Cell Metabolism".

Segundo as investigações, a restrição dos hidratos e o reforço da ingestão de gorduras - cerca de 90% da alimentação seria baseada em alimentos gordos - melhoram a memória e aumentam a longevidade dos animais.

"O facto de termos um efeito tanto na memória como na preservação da função cerebral é realmente excitante", comentou Eric Verdin, presidente do Instituto Buck para Investigação sobre o Envelhecimento, na Califórnia, e co-autor de um dos estudos. "Os camundongos mais velhos que fizeram a dieta cetogénica tinham uma memória melhor do que os camundongos mais jovens. Isso é realmente notável", acrescentou.

Resultados dos testes em laboratório

Ambos os estudos dividiram as cobaias em três grupos, usando animais adultos. O primeiro seguiu uma dieta cetogénica, o segundo recebeu alimentação com poucos hidratos de carbono e o terceiro realizou refeições normais (grupo de controlo).

Os três grupos foram testados em várias tarefas, como a execução de labirintos, exercícios de equilíbrio e corridas.

Os resultados das investigações mostram que a dieta cetogénica influenciou a sinalização de insulina e os padrões de expressão genética tipicamente provocados pelo jejum.

Ambos os estudos mostraram melhorias na longevidade e em testes de memória, sendo que um deles concluiu que a dieta cetogénica preservou a aptidão física, como a força nas patas, em animais mais velhos.

"A magnitude destas diferenças [entre dietas] surpreendeu-me. Nós sabíamos da hipótese de que a mudança no metabolismo induzida pela dieta cetogénica teria efeitos benéficos no envelhecimento, mas fiquei impressionado com as mudanças que observamos", comentou Jon Ramsey, professor da Universidade da Califórnia, em Davis, e autor sénior do segundo estudo.