Ao longo deste ano também vão abrir 800 novas camas de cuidados continuados, como previsto no Orçamento do Estado 2020, estando já identificadas cerca de metade, disse à agência Lusa a enfermeira Purificação Gandra, cuja designação para o cargo de coordenadora nacional da Comissão Nacional de Coordenação da RNCCI foi publicada hoje em diário da República.

“O que está previsto e que foi autorizado é o desenvolvimento de mais 800 camas este ano de cuidados continuados e 200 respostas em saúde mental, sendo que na saúde mental não são propriamente camas de internamento, são respostas muito de procura de alguma autonomização dos doentes de saúde mental em respostas em apoio domiciliário”, explicou a nova coordenadora da RNCCI, que substitui no cargo Luís Fausto da Costa, que manifestou indisponibilidade para continuar a exercer funções.

Segundo a nova coordenadora, estas 200 respostas de saúde mental já estão identificadas: “estamos só a ultimar os processos de autorizações da parte económica, dos custos, e a sua distribuição pelas diferente Administrações Regionais de Saúde [ARS]”.

“O que se procurou foi alargar as experiências-piloto com estas 200 novas respostas distribuídas pelos concelhos onde não havia ainda resposta ou pelos concelhos mais necessitados a nível das respostas existentes e que precisavam de ser ampliadas”.

Relativamente às 800 camas da rede geral, cerca de metade já estão identificadas, disse Purificação Gandra.

Lisboa continua a ser o concelho com mais necessidade de camas, “até pela dimensão da sua população”, mas as respostas serão distribuídas pelas cincos ARS.

Apesar da abertura de novas camas, a resposta ainda é insuficiente. “Vamos sempre tentando abrir mais respostas, mas não pode ser a preocupação principal”, disse a coordenadora, adiantando que “a maior aposta” terá de ser nos cuidados domiciliários, no reforço das equipas, em unidades de dia e promoção de autonomia.

Por outro lado, observou, “sem a Segurança Social, a nossa reposta é um bocadinho deficitária porque é necessária que estas pessoas tenham apoio dos cuidadores informais e das instituições quando já não precisam de cuidados de saúde” e precisam de ter uma reposta para onde ir, defendeu.

“Não depende do Estado o querer e conseguir, porque estas camas são parcerias, contratos que se fazem com entidades do foro social e privado”, explicou.

“À medida que o país vai estando coberto, vai sendo mais difícil haver promotores disponíveis para aumentar a sua oferta, o que não quer dizer que não se esteja a trabalhar nesse sentido, porque há promotores que pretendem aumentar a capacidade que têm e é assim que vamos conseguir aumentar a nossa necessidade em respostas”, vincou.

Contudo, rematou, “não vai ser ainda em 2020 que vamos conseguir ter as necessidades do país completamente cobertas”.